Projeto do Trem Pé Vermelho permite implantação em etapas

21/10/2015 - Folha de Londrina

A implantação do Trem Pé Vermelho pode ser desmembrada, com ênfase inicial nas áreas urbanas de Londrina e Maringá, o que tende a atrair a iniciativa privada para o projeto, que prevê transporte ferroviário de passageiros entre as duas regiões metropolitanas do Norte do Paraná. Conforme a Secretaria Estadual de Planejamento e Coordenação Geral, o chamamento para Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), anunciado segunda-feira pelo governo do Paraná, permitirá que as próprias empresas definam se o ideal será assumir a concessão ou fazer a gestão em parceria público-privada.



O empreendimento foi desmembrado em três subprojetos, que precisam ser assumidos em conjunto. O menor tem 24 quilômetros e ligará Paiçandu a Sarandi. Outro tem 36 quilômetros, entre Ibiporã e Cambé. Os dois são considerados mais viáveis por ligarem cidades conurbadas, onde já há tráfego intenso de passageiros. O terceiro será entre os dois trechos, com 93 quilômetros.

O objetivo é dar mais agilidade para o transporte de um número maior de pessoas, com combustível mais limpo (eletricidade) e com a recuperação de faixas degradadas e em desuso. "É algo comum em muitas regiões da Europa e dos Estados Unidos, ou mesmo do Brasil, como em Santos, Rio de Janeiro e Natal", diz o assessor técnico Guatassara Boeira, da Secretaria Estadual de Planejamento.

Ele afirma que a obra total foi orçada em 2007 em R$ 700 milhões - valor atualizado próximo a R$ 1 bilhão. Porém, lembra que a possibilidade de desmembramento permite que o trem entre em funcionamento enquanto as obras são completadas. "Existem trechos mais viáveis de início do que outros e é possível implantá-los em etapas, mas o que definirá isso serão os estudos."

Um especialista em transporte e logística do Banco Mundial esteve segunda-feira na região, para debater a ampliação do modal. O projeto do Trem Pé Vermelho é discutido desde 2000, quando foi considerado o segundo mais viável do País em estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), feito a pedido do Ministério dos Transportes (MT). O primeiro colocado foi o trecho entre São Cristóvão e Laranjeiras, na região de Aracaju (SE).

Em 2007, novamente a pedido do MT, o Laboratório de Transportes e Logística da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) fez estudo específico sobre a ligação de Maringá a Londrina, no qual apontou a necessidade de aproveitamento da faixa de linha férrea entre as cidades. O tipo de trem deve ser o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), em conjunto com Veículo Leve sobre Pneus (VLP) nas áreas urbanas, explica Boeira. "No caso de Londrina, há chance de usar a avenida Leste-Oeste para o transporte por VLP."

O presidente do Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel), Bruno Veronesi, afirma que o existe viabilidade, mas que os estudos precisam de profundidade. "Para a integração do Norte do Paraná seria fantástico, com a chance de as pessoas trabalharem e estudarem em um lugar e morarem em outro."

Para o diretor executivo da Agência Terra Roxa de Desenvolvimento, Alexandre Farina, a ferrovia traria conforto, pontualidade, velocidade e eficiência ao transporte de cerca de 30 mil passageiros ao dia, inicialmente. "Daria maior acesso a serviços, lazer, estudo e empregos na região, o que pode atrair empresas pelo maior acesso à mão de obra", sugere. Ele lembra ainda que a agência busca também enquadrar o projeto no Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2).

Edital

O edital de chamamento para a PMI está disponível no site www.casacivil.pr.org.br, no banner "Conselho Gestor de Concessões", no link "Resolução de Chamamento". Os interessados têm de encaminhar as manifestações para elaboração de estudo em até 30 dias a partir de ontem.