Ferrovia do Pará

Vale é uma das grandes beneficiadas pela visita de Lula à China. Nova ferrovia no Pará, com capital chinês, atenderá a várias mineradoras e ao agronegócio

18/04/2023 - Observatório da Mineração

A mineradora Vale exporta boa parte sua produção de minério de ferro para a China e tem negócios com o país asiático desde 1973. A Vale fornece o minério que alimenta a indústria siderúrgica chinesa, responsável por mais de 1 bilhão de toneladas anuais de aço, mais de 50% da produção mundial.

Nesse contexto, a mineradora foi uma das grandes beneficiadas com a visita do presidente Luís Inácio Lula da Silva à China na semana passada com numerosa comitiva do governo e de empresários. A Vale firmou nada menos que 8 acordos com parceiros chineses.

Um deles se destaca: acordo com a CCCC Communications Construction Company para a construção da Ferrovia do Pará, que vai ligar a cidade de Barcarena ao sudeste do Pará, em Marabá e Parauapebas.

Barcarena, que tem o maior porto do Pará, o Vila do Conde, é sede da Hydro Alunorte, mineradora norueguesa que refina bauxita para produzir alumínio e da Imerys, empresa francesa que processa caulim. As duas mineradoras colecionam violações socioambientais nos últimos anos.

A região é estratégica para a Vale. Marabá é maior cidade do sudeste paraense e Carajás e Parauapebas ficam no centro do maior projeto de minério de ferro do mundo. A ferrovia da Vale que sai de Carajás e vai até o porto de São Luís (EFC), no Maranhão, por quase 1000 quilômetros, deixando no caminho um rastro de graves impactos para as comunidades afetadas, como o Observatório da Mineração mostrou em reportagem especial, passa por Marabá.

O acordo para esta nova ferrovia que vai atender a gigantes multinacionais como Vale, Hydro e Imerys, além de siderúrgicas e a exportação de commodities em geral, foi assinado pelo governador do Pará, Helder Barbalho, com Lula, o vice-presidente de Assuntos Corporativos e Institucionais da Vale, Alexandre Silva D’Ambrosio e o presidente-adjunto da CCCC, Sun Liqiang.

“Esse empreendimento gera desenvolvimento, agrega a logística do nosso estado, desenvolve a nossa economia e gera mais empregos para nossa população. É o nosso compromisso, para deixar o Pará um estado mais competitivo, com uma economia pujante e levando qualidade de vida ao nosso povo”, publicou Helder Barbalho, no Twitter.

Para Barbalho, alçado a parceiro de Lula na tentativa de trazer a COP 30 para Belém em 2025, este é um “momento histórico” que vai integrar a nova ferrovia com a Norte-Sul, em Açailândia no Maranhão, melhorando a logística para a mineração e o agronegócio.