Senadores recebem comitiva chinesa para debater obra da Ferrovia Bioceânica

18/02/2016 - Agência Senado / Diário de Cuiabá

Senadores recebem comitiva chinesa para debater obra da Ferrovia Bioceânica

Os senadores Jorge Viana (PT-AC), Valdir Raupp (PMDB-RO), Acir Gurgacz (PDT-RO) e Wellington Fagundes (PR-MT), membros da Frente Parlamentar Mista Brasil-Peru-China Pró Ferrovia Bioceânica, receberam nesta quarta-feira (17) uma comitiva de empresários chineses interessados na construção da Ferrovia Bioceânica que vai ligar o oceano Atlântico ao Pacífico.

Composta por profissionais da área de ferrovia e engenharia da China, a comitiva veio ao Brasil trocar informações referentes à obra e disponibilizar sua experiência nessa área a fim de colaborar com as dificuldades apresentadas pelos relatórios preliminares, intermediários e final dos estudos de viabilidade econômica.

Para o senador Valdir Raupp é preciso que o Governo dê celeridade às análises dos relatórios e aceite os estudos preliminares para avançar nas próximas etapas de execução do empreendimento.

— A China já demonstrou total interesse em colaborar com o projeto e o trecho entre os estados de Mato Grosso e Rondônia já tem carga garantida para escoar. Mas precisamos de agilidade nesse processo — avaliou o peemedebista.

Wellington Fagundes enfatizou a importância do projeto para o desenvolvimento do País, para o escoamento da produção e para relação comercial entre Brasil e China.

— Com a ferrovia o custo de produção vai diminuir, a competitividade dos produtos brasileiros vai aumentar e vamos estreitar a relação econômica entre os dois países — previu Wellington.

Além dos senadores também participaram da reunião os deputados federais Angelim (PT-AC), César Messias (PSB-AC) e Fábio Faria (PSD-RN), que igualmente demonstraram preocupação e ressaltaram a importância desse empreendimento para o desenvolvimento econômico do país.

Lin Zhouyan, presidente do Conselho do Grupo Hsinchong Constructions, agradeceu a receptividade dos parlamentares e governo brasileiro, colocando o grupo à disposição para ajudar a solucionar os entraves apresentados.

— Já ficou claro o entusiasmo de ambos para a construção dessa ferrovia. Todos reconhecemos os desafios a serem enfrentados por se tratar de uma obra gigantesca, mas diante dessa vontade as dificuldades serão vencidas — afirmou.

Ao final do encontro o senador Jorge Viana esclareceu que a proposta da Frente Parlamentar, composta por mais de 200 deputados e senadores, é trabalhar com a embaixada de China e o governo brasileiro para agilizar o projeto. E informa ainda que serão realizados seminários nas regiões onde a ferrovia será construída e que uma visita à China será agendada para conhecer as dificuldades enfrentadas pelos chineses na construção de obras como a Bioceânica.


Fávaro defende que obra da ferrovia Transoceânica comece por MT

18/02/2016 - Diário de Cuiabá

Com o intuito de priorizar o fortalecimento da infraestrutura do Estado, o governador em exercício Carlos Fávaro defendeu que o primeiro trecho da Ferrovia Transoceânica comece a ser construído em Mato Grosso. Fávaro participou nesta quarta-feira (17), em Brasília, de uma reunião com um grupo de investidores chineses e com o ministro da China no Brasil, Wang Wei, com o objetivo de avançar nas discussões para construção da ferrovia e se colocou à disposição para empreender todos os esforços políticos necessários para que a obra saia do papel. Em sua avaliação, a construção de forma fracionada é uma excelente opção.

"Mato Grosso tem as cargas, tem o volume necessário que já alimenta o sistema”. Ele lembrou que o Estado é o maior produtor de grãos do Brasil e que a China é o destino de 63% da exportação da soja produzida em Mato Grosso. Ele citou a possibilidade de começar a construção pelo trecho que sai de Sapezal, passa por Comodoro e segue até Porto Velho, no rio Madeira.

Outra possibilidade é o trecho que liga Lucas do Rio Verde a Campinorte (GO), no entroncamento com a ferrovia Norte-Sul. Os recursos obtidos com a primeira fase da obra poderiam ser aplicados na construção das pontes que são fundamentais para a ligação oceânica. O ministro da China no Brasil, Wang Wei, reforçou a importância de iniciar os trabalhos em trechos que tragam viabilidade econômica e disse que não há problemas com o tipo de concessão do Brasil, mas que é preciso analisar a parte financeira.

"Também esclareço que a China e o Brasil não têm nenhum obstáculo em nível de governo”. Para Fávaro, essa intenção dos chineses demonstra pé no chão e a certeza de que o projeto tem viabilidade.

"Queremos ressaltar o compromisso do governador Pedro Taques e do governo do Estado para fazer o que for necessário para viabilizar a ferrovia diante dos trâmites burocráticos, mas os maiores desafios referentes à burocracia devem ser rompidos pelo governo federal, que vai cuidar da concessão”. A reunião organizada pelo senador rondoniense Acir Gurgacz também contou com a participação dos vice-governadores do Acre, Nazareth Lambert, e Rondônia, Daniel Pereira.

Os dois estados também serão beneficiados diretamente com a ferrovia. Parte da bancada federal mato-grossense também esteve na reunião. O senador Gurgacz reforçou que o governo federal e o governo peruano têm interesse na construção da ferrovia, e que todos os estados trabalham para o avanço da obra.

"A expectativa é muito grande e temos a mesma intenção de acelerar esse projeto”, disse. Ele afirmou que em maio o projeto de viabilidade técnica, econômica e ambiental ficará pronto em maio e será entregue ao governo federal.

Comentários

  1. A transoceânica existe, artigo de Vicente Vuolo
    29/05/2015

    Causou-nos surpresa e espanto o anúncio da construção de uma Ferrovia Transoceânica, que ligaria o Atlântico ao Pacífico, partindo do Porto do Açu (Rio de Janeiro) passando por Corinto (MG), Uruaçu (GO), Lucas do Rio Verde (MT), Porto Velho até o Peru.

    O Ministério dos Transportes e do Planejamento deixaram de lembrar a Presidente Dilma que já existe uma ferrovia ligando o Atlântico ao Centro-Oeste. Aliás, a nossa Presidente esteve no ano passado em Rondonópolis inaugurando o Terminal da Ferrovia, onde prestou uma homenagem ao ex-senador Vuolo. Trata-se da antiga Estrada de Ferro Araraquarense, que foi incorporada a Fepasa, depois privatizada e hoje nas mãos da ALL/RUMO. Ferrovia moderna, de bitola larga, dormentes de concreto, ecologicamente correto e alta durabilidade, que já está em operação ligando o Porto de Santos, passando por São Paulo atravessando a ponte rodoferroviária sobre o Rio Paraná entre Rubinéia (SP) e Aparecida do Taboado (MS), Alto Taquari, Alto Araguaia, Itiquira e Rondonópolis. São quase 2 mil quilômetros de ferrovia que não podem ser ignorados.

    Seria mais racional não só interligar a ferrovia dos portos de São Paulo (Santos) ao Rio de Janeiro (Açu e Sepetiba) e continuar a construção até Cuiabá fazendo uma bifurcação para Porto Velho (ligando a hidrovia do Madeira) e Cuiabá – Santarém (ligando a hidrovia do Amazonas) como prevê o projeto original.

    O projeto da ferrovia São Paulo-Cuiabá foi enaltecido por Euclides da Cunha, há mais de 100 anos, como o caminho mais curto para ligar o Atlântico ao Pacífico. Em seu livro “Contrastes e Confrontos” o escritor já defendia naquela época a construção da ponte: “mercê de uma ponte de 800 metros sobre o grande rio, a travessia entre Jaboticabal e Cuiabá será feita folgadamente em 8 dias... se isso não acontecer, decididamente, porque nos falta um grande engenheiro, um grande empresário e um grande presidente”. Após 50 anos, o ilustre mato-grossense Vicente Emílio Vuolo abraçou esse ideal apresentando na Câmara dos Deputados o projeto 312-A, que incluiu no Plano Nacional de Viação a ligação ferroviária São Paulo-Rubinéia-Aparecida do Taboado-Rondonópolis-Cuiabá, por meio da construção da ponte rodoferrovia sobre o Rio Paraná. Esse projeto foi aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo Presidente Geisel, transformado na Lei nº 6.376/76. É importante salientar que a largura da ponte passou de 800 para 3.600 metros devido à construção da barragem de Ilha Solteira e a formação do grande lago.

    O cuiabano, ex-senador Vuolo, nascido no Distrito de Coxipó da Ponte foi totalmente incompreendido na época. Foi chamado “louco”, “doido varrido” pelo projeto “utópico”. Chegaram a pixar os muros de Cuiabá. Era motivo de piadas! Mas, ele nunca se abateu. E, mesmo, lutando contra um câncer mobilizou políticos, empresários, trabalhadores dos três Estados (SP, MT e MS) com reuniões, simpósios, manifestos e encontros no local da ponte, numa luta suprapartidária. E viu, em vida, a chegada dos trilhos em Alto Taquari. Sua luta incansável pelos trilhos até Cuiabá teve o reconhecimento da AMOP (Associação dos Municípios do Oeste Paulista composta por 35 municípios) que conferiu o Título de Senador Honorário do Oeste Paulista. Foi denominada, também, por iniciativa do Deputado Wilson Santos, Ponte Rodoferroviária Senador Vuolo (parte ferroviária) Lei sancionada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e Ferrovia Senador Vuolo o trecho que cruza o Estado de Mato Grosso, sancionado pelo ex-governador Dante de Oliveira.
    Com um histórico de lutas e a partir da visão de futuro de alguns grandes brasileiros, a ligação entre o Atlântico e o Pacífico já está em construção. Não tem sentido algum fazer-se uma ferrovia paralela. Muito mais econômico e rápido seria concentrar esforços na conclusão da ferrovia que já está aí.

    Vicente Vuolo é economista, cientista político e analista legislativo do senado federal.

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