Vale entrega interligação ferroviária em Minas

A Vale concluiu o projeto de reforma de um pequeno mas importante trecho da Ferrovia Centro¬Atlântica (FCA), em Belo Horizonte (MG), que permitiu eliminar um gargalo logístico centenário. Com investimentos de R$ 300 milhões, a empresa retificou e duplicou trecho de 8,3 quilômetros na malha da FCA, entre a capital mineira e Sabará (MG), que serve como interligação entre os sistemas ferroviários Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste. Pelo local, passam trens de três concessionárias: FCA, MRS Logística e Estrada Ferro Vitória a Minas (EFVM). "É um grande projeto em uma grande capital", disse Alexandre Porto, superintendente de ferrovias da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). 

A agência autorizou o projeto, realizado em parceria com o governo federal. As obras duraram quatro anos e incluíram a retificação e a duplicação do traçado da via e também obras de urbanização, como a construção de viadutos e passarelas. Segundo a Vale, Belo Horizonte se transformou na primeira grande capital brasileira a ter uma linha férrea cortando o seu centro urbano completamente isolada da comunidade por onde passa. Um muro e cercas foram erguidos em Belo Horizonte e em Sabará, evitando o contato direto de moradores com os trens. 

O conflito entre trens e comunidades urbanas é um dos grandes desafios para as concessionárias ferroviárias desde a privatização da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), em 1996. Com o crescimento dos centros urbanos, tornou-se comum que as áreas próximas aos trilhos fossem cercadas por ocupações humanas. Esse conflito envolve riscos de atropelamentos, acidentes entre trens e veículos automotores e até descarrilamentos. 

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) vem trabalhando no tema, tomando como base os estudos do Programa Nacional de Segurança Ferroviária nos Centros Urbanos (Prosefer). Algumas obras foram concluídas como o rebaixamento da linha férrea em Maringá (PR), os contornos ferroviários de Araraquara (SP) e Três Lagoas (MS) e a transposição da linha férrea nos municípios de Campos Altos (MG), Valentim Gentil e Matão (SP), Londrina e Paranaguá (PR) e Paverama e Santa Maria (RS). Há outras obras em andamento. 

O trecho retificado na atual malha da FCA, pertence à Valor da Logística Integrada (VLI), da qual a Vale é sócia, tinha um traçado sinuoso, com curvas e inclinações incompatíveis com os atuais comboios ferroviários que passam pelo local transportando cargas como grãos, minério de ferro, cobre, cal, coque e fertilizantes. Antes de 2012 a Vale registrou seis acidentes no local, número que foi zerado em dois anos, segundo a empresa. 

O novo traçado começou a operar com restrições em dezembro de 2013 e as obras foram concluídas em maio deste ano. O investimento feito pela Vale no projeto pode ser alvo de um encontro de contas relativo à concessão da FCA na revisão tarifária da empresa em 2017. Os investimentos feitos e não amortizados até o fim da concessão da FCA também poderão vir a ser indenizados pelo governo. 

Maurício Cretella, gerente de projetos de logística da região Sudeste da Vale, disse que a obra aumentou a capacidade de transporte no trecho em 120%, de nove pares de trens circulando por dia, em ambos os sentidos da via, para 20 pares de trens diários. Pelo local, circulam composições formadas por até 90 vagões. A modernização ajudou a aumentar o volume do corredor de exportação Goiás¬Minas Gerais¬Espírito Santo, calculado em tonelada útil (TU). Na comparação do primeiro trimestre de 2012 com o mesmo período de 2015, o total de cargas exportadas por esse corredor tendo como destino o Porto de Tubarão, da Vale, em Vitória (ES), cresceu quase 60%. Passou de 868 mil/TU, em 2012, para 1,38 milhão/TU, em 2015.

Fonte: Valor Econômico
Publicada em:: 17/07/2015