Ex-governador Ciro Gomes assume Transnordestina

05/02/2015 - Valor Econômico

Em sua primeira experiência no setor privado em muitos anos, o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (Pros) foi contratado pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Ele será o diretor responsável pelo projeto da ferrovia Transnordestina, que é tocado desde 2006 por uma subsidiária da CSN, a Transnordestina Logística SA (TLSA).

Apesar de a subsidiária ter sede em Fortaleza, cidade onde vive a família de Ciro, o ex-ministro vai comandar o projeto a partir do escritório da CSN na zona Sul de São Paulo. Antes de ser contratado, Ciro estava à frente da Secretaria de Saúde do Ceará, cargo para o qual foi nomeado pelo irmão e atual ministro da Educação, Cid Gomes.

Na época em que as obras da ferrovia começaram, em 2006, Ciro era o titular do Ministério da Integração Nacional, que é uma das pastas que acompanham o projeto. Agora do outro lado do balcão, seu desafio é entregar a estrada de ferro em dezembro de 2016, prazo definido no contrato de concessão firmado no ano passado, após a renegociação dos valores da obra, orçada hoje em R$ 7,5 bilhões.

Mesmo depois da repactuação, que envolveu até a presidente Dilma Rousseff, pouca coisa andou na Transnordestina. Em reportagem publicada na semana passada, oValor mostrou que a ferrovia avançou apenas 5% nos últimos dois anos. Os problemas começaram em 2013, quando a Odebrecht tocava as obras. A empreiteira acusou inadimplência nos repasses de recursos pela TLSA e o imbróglio culminou com o rompimento do contrato, em setembro daquele ano. Depois disso, a CSN demorou quase um ano para encontrar outras construtoras dispostas a assumir o projeto. Acabou fechando negócio com empreiteiras de menor porte.

Atualmente, de acordo com a TLSA, 4,5 mil operários trabalham na estrada de ferro, projetada para ligar o município de Eliseu Martins (PI) aos portos de Suape (PE) e Pecém (CE), num trajeto total de 1.750 km. O desfecho das obras também envolve uma série de empreendedores interessados em transportar seus produtos pela ferrovia. O mais emblemático deles é a Bemisa, braço de mineração do banqueiro Daniel Dantas. Com vários direitos minerários espalhados pelo entorno da ferrovia, o grupo conta com a Transnordestina para viabilizar seus negócios.

Procurado para comentar o novo cargo, Ciro Gomes não foi localizado pela reportagem.