Empresários estão receosos com Ferrovia de Integração do Centro Oeste

31/07/2014 - Circuito Mato Grosso

Projeto prevê trilhos que trilhos cheguem a Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, e sigam até Campinorte, em Goiás

Por Diego Frederici

O transporte de trilhos é apontado como um dos mais seguros e com menos custos para o setor produtivo. Em agosto de 2012, há dois anos, o Governo Federal tomou algumas ações para preencher a lacuna histórica do setor no Brasil, como o Programa de Investimentos em Logística, que apenas no setor ferroviário prevê investimentos de R$ 99,6 bi. Uma de suas vedetes, a Ferrovia de Integração do Centro Oeste (Fico), no entanto, parece não ter caído nas graças do setor produtivo, que vem hesitando em comprar o projeto.

Com o título de Estado que é símbolo do agronegócio no país, Mato Grosso tem uma demanda antiga por melhores opções de logística e de escoamento da safra de grãos, como soja e milho. Sonho dos produtores estaduais, que veem no transporte sobre trilhos a solução para o aumento dos seus lucros, a Fico vem encontrando barreiras para sua implantação, que prevê a ligação ferroviária entre as cidades de Lucas do Rio Verde (354 km de Cuiabá) e Campinorte (GO).

Segundo Edeon Vaz Ferreira, coordenador executivo do Movimento Pró-Logística de Mato Grosso, alguns investidores estão receosos com o modelo adotado pelo Governo Federal para operação e construção da ferrovia, chamado de open access, no qual uma empresa fica responsável pela construção, enquanto outra companhia, nesse caso a empresa pública Valec, deterá o controle de operação da mesma, loteando a capacidade de transporte de cargas para qualquer grupo que se interesse pela utilização do serviço ferroviário.

"No modelo open access, mesmo que a empresa que irá construir a ferrovia obtenha dividendos tanto da companhia que terá o controle da operação quanto daquelas que efetivamente realizarão o transporte, ainda assim, os investidores estão cautelosos", pondera.

A Ferrovia de Integração Centro-Oeste tem previsão de 880 km de extensão e, nas palavras da presidenta Dilma Rousseff, "ligará Mato Grosso com a espinha dorsal do sistema ferroviário brasileiro, que é a Ferrovia Norte-Sul". Porém, nem mesmo a possibilidade de escoamento da produção pelo Norte e Nordeste do país, quanto dos portos do Sul e Sudeste, além do direito de explorar o negócio por 35 anos, estão seduzindo o número de investidores ou consórcios de empresas, que temem não ter lucro com o negócio.

Entretanto, há luz no fim do túnel para a empreitada, de acordo com o representante do Movimento Pró-Logística. Segundo ele, os chineses têm mostrado interesse e até já assinaram uma "carta de intenções" para avançar na negociação (leia matéria abaixo). Além disso, o governo também estuda a participação de um "fundo garantidor", controlado por bancos privados para tirar a Fico do papel. Mesmo assim, a ferrovia ainda deve demorar alguns anos para cruzar o cerrado mato-grossense.

"O edital para construção da Fico deve sair no segundo semestre de 2014, mas ainda não temos uma previsão exata", diz ele.

Fonte: Circuito Mato Grosso