Projeto quer transformar Rio em ‘laboratório vivo’

02/07/2013 - Monitor Mercantil

Bairros com shoppings valorizam 46% a mais ante outros locais

O mercado de shopping centers além de movimentar a economia local das cidades que recebem os empreendimentos, por meio da atração de novos negócios e geração de empregos, também contribui para a valorização de imóveis nessas regiões. Uma pesquisa encomendada ao Grupo de Estudos Urbanos, pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), revela que entre 2007 e 2011, a valorização de empreendimentos próximos a centros comerciais foi 46% superior ao restante das cidades. O levantamento também aponta que os municípios que receberam esses complexos tiveram um aumento de 82% na arrecadação do IPTU.to de 7% nas vendas em shoppings

Balneário pode receber parque tecnológico
CPqD vai desenvolver soluções de ponta para Campinas
O Rio de Janeiro está entre as três cidades, ao lado de Campinas e Florianópolis, que integram a Rede de Cidades Inteligentes Conectadas, projeto que nasceu por meio de uma articulação com a European Network of Living Labs (ENoLL). A entidade é coordenada pelo português Álvaro Duarte de Oliveira, que esteve em junho no Brasil para firmar convênios para implantação do conceito no país. Segundo Catia Jourdan, gerente de inovação e sustentabilidade do Instituto Gênesis, vinculado à PUC-Rio, os Living Labs são laboratórios vivos que partem dos problemas e experiências do dia a dia para, por meio da coparticipação da população e das instituições, gerar soluções na forma de produtos e serviços inovadores.

As três cidades estão implantando projetos-piloto alinhados ao conceito, numa parceria da PUC-Rio, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) e da Universidade Federal de Santa Catarina com o ÁgoraLab, laboratório multi-institucional de produção e compartilhamento de conhecimento sobre o tema. A primeira reunião será em outubro, em Bolonha, na Itália.

Catia diz que a PUC concentra os aspectos "soft" do projeto, como urbanismo, comportamento social, indústria criativa e incentivo ao empreendedorismo. O CPqD foca nos aspectos "hard": comunicações ópticas de alta velocidade, sensores, energia alternativa e smart grid. E a UFSC é especialista em gestão: do conhecimento, e-government, big data e business intelligence.

No Rio, a PUC articula o projeto Parque Inteligente da Gávea, que pretende transformar o entorno da instituição em um laboratório de soluções inovadoras com foco no capital humano. Segundo Catia, a universidade sempre se ressentiu de uma área onde pudesse criar um parque de inovação, a exemplo da Universidade Federal do Rio de Janeiro e seu Parque Tecnológico do Fundão. Como não há espaço na região, situada em um dos bairros mais valorizados da zona sul carioca, a universidade decidiu usar o próprio espaço urbano como um laboratório vivo.

O Parque Inteligente da Gávea é um conjunto de projetos a serem implementados no bairro para estimular o desenvolvimento de uma experiência territorial de inclusão social e inovação. A ideia é integrar a Gávea sob os pontos de vista acadêmico, ambiental, sociocultural e empresarial, por meio do seu potencial científico, de suas lideranças associativas, empresários, artistas e sociedade em geral. "Os conhecimentos, práticas, produtos e serviços gerados por esse contexto poderão ser replicados em outros territórios, ampliando o impacto das ações e permitindo a melhoria da qualidade de vida da população", diz Catia.

Uma das ações envolve a chegada do metrô à Gávea, o que deve provocar alterações, pelo fluxo maior de pessoas. Então, é preciso pensar como ficará o bairro, que é residencial, após essa transformação. Catia ressalta que não é proposta do projeto alterar as características do bairro, mas, sim, melhorar a estrutura de mobilidade na região e das calçadas, entre outros aspectos, tornando o território mais sustentável.

As comunidades da Rocinha e da Vila Parque da Cidade também estão inseridas no território da Gávea e não serão esquecidas, assegura Cátia, já que elas são um dos principais públicos de interesse do projeto. Para o casario do Alto Gávea, que se desvalorizou devido à proximidade com as comunidades, estão sendo pensadas soluções de como ocupá-las com empresas e institutos de pesquisa.

Balneário pode receber parque tecnológico

O balneário de Canasvieiras, no norte da ilha de Santa Catarina, é um dos mais movimentados destinos turísticos da capital catarinense no verão, mas com o fim da alta temporada, a situação muda. Hotéis, pousadas e imóveis de aluguel ficam vazios. Esse cenário de ocupação sazonal pode se transformar em alguns anos com a implantação do Florip@21, projeto que tem a ambiciosa meta de fazer do bairro e seu entorno a primeira "região inteligente" do Brasil. O iniciativa é parceria da prefeitura com o ÁgoraLab, um laboratório multi-institucional de produção e compartilhamento de conhecimento sobre cidades inteligentes. Uma das primeiras medidas será a atração de pesquisadores brasileiros e estrangeiros para uma pós-graduação residente em inovação.

"Muitos aspectos das cidades inteligentes são uma resposta ao que os manifestantes estão pedindo nas ruas", diz o diretor do ÁgoraLab, Eduardo Moreira da Costa. A proposta do Florip@21 é desenvolver experimentos integrados de melhoria da qualidade de vida em várias dimensões - educação, mobilidade, governança transparente, ambiente e urbanismo - para fomentar sua replicação em outros contextos. Uma área de 10 milhões de m2 onde vivem 50 mil pessoas - o dobro no verão - será o campo desse laboratório vivo. O ponto focal é o Sapiens Parque, parque de inovação tecnológica localizado em um terreno de 4,3 milhões de m2, onde se estima que surgirão 27 mil empregos diretos e 33 mil indiretos em uma década.

Em agosto vai ser lançado um curso de pós-graduação em inovação, com cem vagas para 2014 e previsão de matricular até mil alunos no prazo de três anos. A intenção é trazer à capital catarinense jovens recém-formados para um período de residência: o estudante vai morar, trabalhar e se divertir no entorno do Sapiens Parque, enquanto contribui com o desenvolvimento do projeto. Parcerias com o Laboratório de Mídia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), EUA, e com a Universidade Aalto, de Helsinque, Finlândia, vão assegurar o contato dos pós-graduandos com o "estado da arte" das cidades inteligentes nos Estados Unidos e na Europa.

Entre as medidas imaginadas para fazer o projeto decolar está a implantação de soluções de mobilidade inteligente. "Vamos propor transporte de massa do aeroporto ao Sapiens Parque, com ônibus articulados passando pelas universidades e pelos outros centros tecnológicos da cidade", diz Costa.

No parque, os prédios serão ligados por ciclovias cobertas. Também está em estudo a adoção de táxis elétricos, e a ligação com o centro e outras cidades por transporte marítimo. "Hoje Canasvieiras é a porta dos fundos de Florianópolis e pretendemos transformá-la em porta de entrada", diz.

CPqD vai desenvolver soluções de ponta para Campinas

O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) vai atuar como braço tecnológico do ÁgoraLab no desenvolvimento de projetos alinhados ao conceito de cidade inteligente em Campinas (SP). O seu papel consiste em fornecer soluções de ponta para aplicações que viabilizem a iniciativa e nas quais tem expertise, como sistemas georreferenciados de gestão pública nas áreas de saúde, educação e segurança, conexões de internet em banda larga móvel e fixa, e redes elétricas inteligentes (smart grid).

Na condição de coordenador dos trabalhos, caberá ao ÁgoraLab, um laboratório multi-institucional de produção e compartilhamento de conhecimento voltadas ao conceito de cidades inteligentes, firmar convênio com a prefeitura para definir o escopo do projeto e as localidades onde poderão ser realizados os pilotos com as soluções tecnológicas, explica Tânia Regina Tronco, da Diretoria de Gestão da Inovação do CPqD.

Como o convênio ainda não foi assinado, não existe um detalhamento sobre como será desenvolvido o projeto em Campinas. Na área de aplicações georreferenciadas de sistema de gestão pública, por exemplo, uma possibilidade é instalar sensores em várias localidades para coleta de informações, que serão consolidadas e utilizadas como base para tomada de decisões em tempo real. O processo é feito de forma automática por um software desenvolvido pelo CPqD.

Como se trata de uma aplicação de um sistema de georreferenciamento, sensores serão integrados ao software para permitir a localização exata dos pontos de coleta das informações. Segundo Tânia, uma possibilidade é utilizar sensores acoplados a dispositivos que permitem a captura de dados a partir da tecnologia de radiofrequência. Já para permitir conexões de internet em alta velocidade, o CPqD dispõe de várias tecnologias que podem ser implementadas no projeto de cidade inteligente de Campinas, como a tecnologia LTE.

O CPqD participa de uma dezena de projetos no Brasil. Um deles é o da Light, no Rio, em que realiza atividades de pesquisa e desenvolvimento de soluções de monitoramento e supervisão da rede subterrânea da empresa. Já o acordo com a Cemig prevê a realização de testes de laboratórios e de campo das soluções de medição inteligente.