Falta tirar os projetos do papel

01/10/2013 - Revista CNT

A lentidão para tirar do papel a construção e a ampliação de trechos ferroviários é apontada pela ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários) como um dos principais problemas que dificultam o maior desenvolvimento desse modal no país. O presidente-executivo da entidade, Rodrigo Vilaça, considera que há muita promessa, mas falta execução mais rápida.

Na opinião de Vilaça, é necessário melhorar a gestão para dar maior celeridade aos projetos propostos. "Não deixo de ser otimista e acho que o programa anunciado pelo governo da presidente Dilma trará mudanças. Mas já se passou um ano e as dúvidas permanecem. Na prática, por enquanto, estamos com um plano de intenção", avalia.

O presidente-executivo da ANTF considera que a EPL (Empresa de Planejamento e Logística) deveria criar um conselho consultivo de entidades de transporte de carga para acompanhar o andamento dos projetos. Na avaliação de Vilaça, assim, governo e sociedade poderiam trabalhar de forma mais conjunta, e os investidores poderiam se sentir mais seguros.

De acordo com o último balanço da ANTF, em 2012 as concessionárias de ferrovias mantiveram o nível de investimentos de anos anteriores e injetaram, somente no ano passado, mais de R$ 4,9 bilhões no sistema ferroviário – valor 6,6% superior ao aplicado em 2011.

Desde que o programa de concessões foi iniciado, em 1997, os investimentos em novas tecnologias, capacitação profissional, compra e reforma de locomotivas e vagões, melhoria das operações ferroviárias e recuperação da malha totalizam R$ 34,88 bilhões. Desses, R$ 1,48 bilhão foi aplicado pela União e R$ 33,40 bilhões pelas concessionárias.

Burocracia

O presidente da Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), Vicente Abate, considera que a questão burocrática é um problema grave, que retarda o desenvolvimento dos projetos de infraestrutura, de forma geral, no Brasil. Ele considera que, ao longo de vários anos, faltou o melhor desenvolvimento de bons projetos para o modal ferroviário.

"Sempre faltaram projetos mais bem elaborados para evitar o aumento de custos futuros, o aumento de prazos de entrega", diz Abate. Mas, na avaliação do presidente da Abifer, o PIL (Programa de Investimentos em Logística) deve ser positivo para o país. "A expectativa é que esse plano venha com algo agregado, que os projetos estejam sendo bem desenvolvidos. Acreditamos que teremos avanços na questão ambiental e nos estudos de viabilidade", avalia Abate.

Na Pesquisa CNT de Ferrovias de 2011, estão descritos os principais gargalos físicos e operacionais das ferrovias brasileiras. As invasões de faixa de domínio e as passagens em nível críticas são dois dos principais problemas que contribuem para gerar insegurança e para reduzir a velocidade operacional dos trens. A pesquisa propõe soluções, identificando obras de infraestrutura essenciais.