29/09/2013 - O Povo - Fortaleza
O Bus Rapid Transit (Transporte Rápido por Ônibus) da avenida Dedé Brasil, ao custo de R$ 41,6 milhões, é o mais caro em construção em Fortaleza. Terá uma extensão de 7 quilômetros, com estimativa de transportar 49 mil pessoas por dia, conforme dados do Anuário da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) 2012-2013. O fluxo é cerca de sete vezes menor do que o da Linha Sul do Metrofor, que tem 24,1 quilômetros de extensão. O valor do investimento no metrô foi de R$ 1,4 bilhões, o que daria para construir cerca de 33 BRTs semelhantes ao da Dedé Brasil.
"Não me posiciono contra o metrô. Ele auxilia na mobilidade, pela alta capacidade que tem. O inconveniente está relacionado ao custo", avalia o superintendente técnico do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Ceará (Sindiônibus), Francisco Pessoa de Araújo Neto.
Como prioridade, Pessoa defende ser mais adequado esgotar a solução via ônibus inicialmente. "Temos como fazer transporte de alta capacidade utilizando ônibus. Está comprovado em diversos lugares. O problema é investir em corredor de ônibus fere vários interesses, vai mexer com quem usa automóvel, com lojista", ressalta.
O diretor-técnico admite que perfurar um túnel, a princípio, não mexe na vida das pessoas, mas torna o transporte rígido, com pouca - e cara - possibilidade de mudar o trajeto, caso necessário. "Você não pode mexer no sistema. A grande vantagem do metrô é porque não tem cruzamento, tem liberdade de circulação". No trem de superfície, a crítica é ao possível isolamento entre os bairros.
Pessoa afirma ainda que nem o ônibus nem o metrô acabam com os congestionamentos de veículos, já que só vai deixar o carro em casa quando for mais conveniente usar o transporte público.
Complementares
Conforme dado do Comunicado 98 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ministério das Cidades e NTU, vale a pena investir no metrô com fluxo a partir de 25 mil pessoas por hora por sentido. Atende até cerca de 70 mil pessoas. O BRT vai de 5 mil a cerca de 45 mil pessoa por hora por sentido.
O presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô de São Paulo (Aeamesp), José Geraldo Baião, destaca que as cidades brasileiras têm crescido mais do que a infraestrutura e isso tem sido um problema para o transporte urbano. "Muitas pessoas que precisam do transporte público moram na periferia das cidades, cada vez mais longes das áreas mais centrais". Ele afirma que o BRT não é um transporte de alta capacidade de fluxo, que só pode ser suprido pelo metrô ou pelo monotrilho.
Baião adverte que o olhar não é só sobre a demanda. "A maior frota de automóveis e de motocicleta traz problemas de poluição e acidentes. Esse aspecto ambiental já tem peso. Vou colocar ônibus ou sistema eletrificado?", questiona.
O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati) e diretor-executivo do Grupo Guanabara, Paulo Porto Lima, não analisa o metrô como concorrente de ônibus, apesar de os ônibus moverem os negócios do grupo que lidera. Para ele, o transporte urbano deve funcionar de forma integrada. Se não for assim, não funciona. "Na visão de quem transporte, cada modal tem uma função. Eles precisam de integração", ressalta.

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