01/08/2013 - O Globo
Leia: Leilão do trem-bala deve ser adiado mais uma vez - Folha de SP
SÃO PAULO e BRASÍLIA - O preço médio da passagem do trem de alta velocidade (TAV) para ir do Rio a São Paulo poderá custar o dobro dos R$ 262 previstos no relatório oficial do projeto. Estudo da consultoria Bain & Company, feito a pedido do GLOBO, mostra que se a demanda pelo trajeto não crescer ao ritmo de 4,4% anuais, também como previsto no relatório oficial, e sim na velocidade atual de 3,2% ao ano, a tarifa média para andar no TAV teria de saltar para R$ 525 (variando de R$ 400 na classe econômica até R$ 650 na executiva).
— Se não for esse o preço, o investimento não será viável. Isso ocorre porque a demanda e a tarifa estão intimamente ligadas e, também, porque 80% da estrutura de custos para a construção deste trem é formada pelo custo de capital, que é um gasto fixo — explicou Fernando Heil Martins, sócio da consultoria e responsável pelo braço de pesquisas logísticas da Bain.
Data do leilão está mantida
O estudo oficial, que é distribuído pelo governo aos possíveis candidatos em fazer o investimento, tem como base projeções "bastante otimistas" e considera, por exemplo, que o TAV vai abocanhar a maior parte dos passageiros que hoje optam por ir e vir de carro e ônibus. Ocorre que, mesmo levando em conta o preço médio de R$ 262 estimado pelo governo, o custo para ir de automóvel ou de ônibus é muito mais em conta. As passagens do transporte coletivo variam de R$ 80 a R$ 150, o que equivale ao custo médio de R$ 115. A projeção do gasto com carro é mais difícil de fazer, já que o consumo de combustível é variável de um modelo para outro, além de levar quantidades distintas de passageiros.
Para dar outro exemplo do otimismo no conteúdo do relatório oficial do governo, Martins cita que, uma das páginas do relatório diz que dos 50,3 milhões de passageiros estimados para fazer o trajeto Rio-São Paulo em 2025, 6,3 milhões farão de ônibus, 7,7 milhões de carro e 36,3 milhões de TAV. Para ter uma base de comparação, em 2014 são esperados 31,4 milhões de passageiros, sendo que 12,4 milhões devem percorrer as estradas de ônibus e outros 18,9 milhões de carro.
— Sobre a projeção para 2025, ocorre que o preço do trem de alta velocidade, de acordo com a projeção oficial e que é a mais otimista, será 70% mais alto que o ônibus (R$ 115). Isso põe em dúvida, mais uma vez, o tamanho da demanda estimada pelo governo — detalha Martins.
Outras questões como a falta de interligação das estações do TAV com a malha metroviária ou rodoviária das capitais paulista e fluminense pesarão ainda mais no bolso do passageiro. Em São Paulo, a estação será localizada no Campo de Marte, zona norte de São Paulo. No Rio, estará no em Barão de Mauá.
O ministro dos Transportes, Cesar Borges, reafirmou ontem que o edital do leilão do trem- bala está mantido para o dia 19 de setembro e informou que o acidente com o trem da estatal espanhola Renfe não impede a empresa de participar da licitação, porque o problema não ocorreu em sistemas de alta velocidade. O edital proíbe a participação de empresas com acidentes, envolvendo vítimas fatais nos últimos cinco anos. Outro grande interessado no empreendimento, segundo o governo, é um grupo francês.
Leia: Leilão do trem-bala deve ser adiado mais uma vez - Folha de SP
SÃO PAULO e BRASÍLIA - O preço médio da passagem do trem de alta velocidade (TAV) para ir do Rio a São Paulo poderá custar o dobro dos R$ 262 previstos no relatório oficial do projeto. Estudo da consultoria Bain & Company, feito a pedido do GLOBO, mostra que se a demanda pelo trajeto não crescer ao ritmo de 4,4% anuais, também como previsto no relatório oficial, e sim na velocidade atual de 3,2% ao ano, a tarifa média para andar no TAV teria de saltar para R$ 525 (variando de R$ 400 na classe econômica até R$ 650 na executiva).
— Se não for esse o preço, o investimento não será viável. Isso ocorre porque a demanda e a tarifa estão intimamente ligadas e, também, porque 80% da estrutura de custos para a construção deste trem é formada pelo custo de capital, que é um gasto fixo — explicou Fernando Heil Martins, sócio da consultoria e responsável pelo braço de pesquisas logísticas da Bain.
Data do leilão está mantida
O estudo oficial, que é distribuído pelo governo aos possíveis candidatos em fazer o investimento, tem como base projeções "bastante otimistas" e considera, por exemplo, que o TAV vai abocanhar a maior parte dos passageiros que hoje optam por ir e vir de carro e ônibus. Ocorre que, mesmo levando em conta o preço médio de R$ 262 estimado pelo governo, o custo para ir de automóvel ou de ônibus é muito mais em conta. As passagens do transporte coletivo variam de R$ 80 a R$ 150, o que equivale ao custo médio de R$ 115. A projeção do gasto com carro é mais difícil de fazer, já que o consumo de combustível é variável de um modelo para outro, além de levar quantidades distintas de passageiros.
Para dar outro exemplo do otimismo no conteúdo do relatório oficial do governo, Martins cita que, uma das páginas do relatório diz que dos 50,3 milhões de passageiros estimados para fazer o trajeto Rio-São Paulo em 2025, 6,3 milhões farão de ônibus, 7,7 milhões de carro e 36,3 milhões de TAV. Para ter uma base de comparação, em 2014 são esperados 31,4 milhões de passageiros, sendo que 12,4 milhões devem percorrer as estradas de ônibus e outros 18,9 milhões de carro.
— Sobre a projeção para 2025, ocorre que o preço do trem de alta velocidade, de acordo com a projeção oficial e que é a mais otimista, será 70% mais alto que o ônibus (R$ 115). Isso põe em dúvida, mais uma vez, o tamanho da demanda estimada pelo governo — detalha Martins.
Outras questões como a falta de interligação das estações do TAV com a malha metroviária ou rodoviária das capitais paulista e fluminense pesarão ainda mais no bolso do passageiro. Em São Paulo, a estação será localizada no Campo de Marte, zona norte de São Paulo. No Rio, estará no em Barão de Mauá.
O ministro dos Transportes, Cesar Borges, reafirmou ontem que o edital do leilão do trem- bala está mantido para o dia 19 de setembro e informou que o acidente com o trem da estatal espanhola Renfe não impede a empresa de participar da licitação, porque o problema não ocorreu em sistemas de alta velocidade. O edital proíbe a participação de empresas com acidentes, envolvendo vítimas fatais nos últimos cinco anos. Outro grande interessado no empreendimento, segundo o governo, é um grupo francês.
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