Números Indicam cautela, mas mercado deve crescer

07/12/2012 - Azm

O Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE) realizou, nesse dia 4 de dezembro, o Encontro Anual da entidade.

No evento foi feito um balanço do desempenho dos segmentos de Carga e Passageiros em 2012, com detalhes sobre os fatores que impactaram os setores ao longo do ano.

A indústria fabricante de bicicletas fechou o ano com faturamento maior que 2011, no entanto a venda de unidades caiu, de 5 milhões de bicicletas vendidas em 2011 para 4,5 milhões em 2012, explicou Eduardo musa, vice-presidente do Simefre.

As importações caíram 10% e o setor começa a pensar em produzir para exportar. As projeções para 2013 são de estabilidade. Segundo Musa, as vendas devem se estabilizar em unidade, porém crescer em valor. "A bicicleta era transporte de baixa renda, esse pessoal está migrando para a moto e o carro. Aumentou o uso das bicicletas na cidade e nisso os projetos de mobilidade ajudaram. Hoje temos uma mudança no mix: menos bicicletas mais baratas e aumento na venda das mais caras".

Já a indústria de motos vive um momento negativo. A queda estimada é de 15%, em função das dificuldades na aprovação de crédito, comenta o vice-presidente do Simefre, Paulo Takeuchi. Ele lembra que entre as motos de altas cilindradas as vendas cresceram, pois essas pessoas não dependem de financiamento, mas esse é um nicho muito pequeno. No acumulado de janeiro a outubro, o setor produziu 1.486.062 motocicletas, ante as 1.839.525 unidades no mesmo período de 2011.

No setor de peças e componentes para veículos de duas rodas o problema é a concorrência dos importados. No setor de bicicletas a queda chegou a 12%, enquanto nas motos a queda está em 8%. Segundo Auro Levorin, vice-presidente do Simefre, as empresas continuam importando e reduzindo seus quadros de funcionários porque estão deixando de fabricar para importar, já que os produtos de fora competem fortemente com os nossos.

O balanço das indústrias fabricantes de implementos rodoviários das linhas leves (carrocerias sobre chassis) e pesada (reboques e semirreboques), deverá fechar 2012, 14,3% abaixo do registrado em 2011. Apesar do resultado negativo, o setor reduziu as perdas nas vendas em relação ao resultado acumulado até setembro de 2012, que apontava queda de 16,92%. O aumento das vendas, explica o vice-presidente do Simefre, Cesar Pissetti, deveu-se a redução na taxa de juro de 5,5% ao ano para 2,5% no programa PSI-Finame, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A indústria fabricante de carrocerias de ônibus reagiu a partir de agosto, graças às ações de incentivo do Governo Federal, e deverá encerrar o ano no mesmo patamar de 2011, que foi um ano recorde da indústria de ônibus. Para o presidente do Simefre, José Antônio Fernandes Martins, a indústria deverá comercializar no mercado doméstico 31,8 mil unidades e exportar 5.115 unidades, totalizando 36.915 unidades. As exportações deverão crescer 20% em relação ao período anterior.

A capacidade instalada da indústria ferroviária está apta a absorver qualquer demanda sem preocupações. Anualmente podem ser produzidos 12 mil vagões de carga, mais de 900 carros de passageiros e 150 locomotivas. Em 2013 a capacidade instalada de locomotivas será aumentada para 250 unidades.

O setor modernizou em 2012 cerca de 70 locomotivas usadas, explica o diretor do Simefre, Vicente Abate. Embora os volumes de vendas de veículos tenham sido menores que os previstos, o faturamento da indústria para 2012, estimado em R$ 4,3 bilhões, ainda será ligeiramente superior aos R$ 4,2 bilhões de 2011. Segundo o vice-presidente do Simefre, Luiz Fernando Ferrari, a indústria trabalha com folga de capacidade e há espaço para exportações.



CENÁRIO ECONÔMICO MUNDIAL E BRASILEIRO



Não há dúvidas que planejar é a melhor maneira de enfrentar as dificuldades do mercado. Após apresentar um balanço dos setores que integram o Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE), o presidente José Antonio Fernandes Martins anunciou a palestra do economista professor Antonio Lanzana.

Abordando o tema: "Cenários da Economia Mundial e Brasileira", ele falou sobre a situação atual da economia mundial e suas perspectivas, e apresentou o desempenho brasileiro em 2012 em uma visão macroeconômica e o comportamento setorial.

Na esfera Mundial três fatores foram considerados importantes em 2012: a recessão na Europa; a questão política afetando a economia nos Estados Unidos e a desaceleração na China e nos emergentes.

Olhando para a zona do Euro, em 2012 o desemprego chegou a 11% na região e 25% em alguns países. A necessidade de ajustes fiscais, com redução do déficit público, levou à recessão.No entanto a única forma de ajuste é o corte de gastos.

Nos Estados Unidos o PIB registrou pequena melhora de 1,7 em 2011, para 2% em 2012. O desemprego está em 7,8%, mas a situação política durante as eleições limitou o uso de instrumentos fiscais.

A China, entre os emergentes, começou a desacelerar caindo de 10,3% em 2010, para 7,5% em 2012. A desaceleração dos emergentes é consequencia da recessão na Europa e da inflação alta (já reduzida). Mesmo assim os emergentes continuam liderando o crescimento mundial.

Quando pensamos no futuro surgem três grandes questões: a Europa se mantêm em recessão/estagnação? Qual a solução para o abismo fiscal dos Estados Unidos? A desaceleração da China permanece?

Segundo Lanzana a crise europeia leva tempo, e a dívida Grega é impagável. Pode ocorrer um abrandamento das exigências de impostos. A solução, diz o professor, é atacar, cortar gastos e aumentar impostos, ou federalizar a dívida europeia, coisa que a Alemanha é contra.

Esse processo é longo e o ajuste fiscal mescla estagnação e recessão pelo menos por cinco anos. Já nos Estados Unidos a visão é mais otimista. Há possibilidade de renegociação do acordo feito no passado, com relação à questão fiscal, e o PIB deve repetir os 2%. "A possibilidade de acordo é muito maior, do contrário os Republicanos ficariam com a responsabilidade pela recessão", diz.

Outro fator que ajuda os Estados Unidos é que o país tem uma moeda única, decide sozinho e tem credibilidade, o que torna mais fácil flexibilizar o pacote de medidas.

A contribuição maior deverá mesmo vir da China. Ela desacelerou em função da Europa. É exportadora. Conseguiu controlar a inflação que estava em alta. "A economia chinesa continua sendo a locomotiva mundial, não tão acelerada quanto antes, mas ainda acelerada". No geral, diz o professor, o quadro internacional não é espetacular, mas melhora em 2013.

No Brasil o PIB deve fechar em 1% em 2012, menor que os 2,7% em 2011 e 7,5% em 2010. O crescimento esse ano é um dos mais baixos. O setor financeiro caiu e frustrou as expectativas. Algumas medidas de estímulo foram adotadas, como a redução dos juros (Selic e BNDES); expansão do crédito via bancos; elevação do salário mínimo; redução de impostos (pontuais) e a desvalorização cambial.

Porque cresceu pouco? Em função da desaceleração da economia mundial; da quebra da safra agrícola no 1° trimestre (-8,5%); excesso de estoques na indústria; consumidor endividado; investimentos não responderam; efeitos da correção de rumos - medidas macroprudenciais adotadas em 2011.

Como lição tirada de 2012 o professor aponta que a desaceleração mundial não explica toda a situação brasileira, outros emergentes cresceram mais fortes. Queda dos juros é uma condição necessária, mas não suficiente para a retomada.

Quem comandou o crescimento brasileiro em 2012, diz Lanzana, foi o setor de serviços, os demais estão com número negativos.O setor de serviço é responsável por 67% do PIB brasileiro. A indústria de transformação não foi bem em 2012, mas não é um fenômeno brasileiro, aconteceu em vários países, porém com mais força no Brasil.

A indústria sofreu os reflexos da questão cambial. Os importados foram ganhando espaço, embora a produção tenha diminuído, as vendas continuaram. As perspectivas para o nível de atividade indica tendência do 2° semestre se consolidar em 2013; possível redução da inadimplência (renegociação com juros menores e prazos maiores); PIB deve crescer 3,0% em 2013; crescimento limitado pelo nível de investimentos; comportamento setorial heterogêneo (agropecuária deve crescer 3,9%; indústria se recupera -2,5% e a indústria de transformação (2%).

A indústria de transformação tem condições de se recuperar e a inflação deverá ficar acima da meta de 4,5%, como nos últimos três anos. A taxa de juros deve ficar estabilizada em 7,25% ao ano.



PALESTRAS DISCUTEM OS PROJETOS FERROVIÁRIOS



As duas palestras de encerramento do Encontro Anual do Simefre foram apresentadas pelo Secretário dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, Jurandir Fernandes, e pelo presidente da EPL - Empresa de Planejamento e Logística, Bernardo Figueiredo.

Fernandes falou sobre os Projetos e obras de transporte metroferroviário, metropolitano, trens regionais, monotrilho e ônibus. Ele começou mostrando o mapa das obras pelo Estado, como a linha 4 amarela e a linha 5, que já está contratada. O trecho de monotrilho que terá 24,5 km dentre outros.

O Secretário explicou que nem sempre é possível conduzir uma obra na celeridade desejada, mas que apesar disso, o governo Estadual executou em um ano mais que tudo que foi feito em quatro anos.

Números de 2012

- 7,8% mais todo período 2003-2006;

- 48,1% mais que em 2011

- 7,9% mais recorde histórico (2010)

- 5,6 vezes mais que em 2004

- 1,6 vezes mais que em 2008

Fernandes explicou como estão os processos de licitação, em quais haverá participação pública e privada e destacou a questão dos trens regionais, que segundo ele, não interferem no processo dos trens de Alta Velocidade (TAV). O projeto do trem para Santos está "andando" enquanto outros aguardam a iniciativa privada.

O presidente da EPL, Bernardo Figueiredo disse que está aguardando para iniciar a licitação do TAV. Segundo ele, a parte mais crítica do projeto é a construção da infraestrutura. Embora o prazo de encerramento da obra seja 2020, a expectativa é ter tudo pronto até 2018.

Figueiredo aproveitou o Encontro para falar da questão da logística. Ele lembrou que nos anos 70 reclamava-se da logística e hoje pouca coisa mudou. "Logística não é só estrada". Ele citou a idade avançada da frota, que coloca nas ruas caminhões pouco econômicos. "Precisamos fazer intervenções focadas em resolver esse problema. O caminhoneiro não consegue financiamento para trocar o caminhão, a lei que reduz a jornada é boa, mas começa a faltar profissionais, tudo isso interfere na competitividade".

Para reverter esse quadro após duas décadas de baixos investimentos é que nasceu a EPL. É o início de uma nova etapa que visa restabelecer a capacidade de planejamento integrado do sistema de transporte; integração entre rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos; articulação com as cadeias produtivas.

Fonte: Azm Comunicações
07/12/2012





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