PPP pode acelerar volta de trem regional em SP

29/11/2012 - Valor Econômico

De acordo com o vice-governador de São Paulo, o projeto não conflita com o trem de alta velocidade (TAV), que também vai atender cidades como Campinas e São José dos Campos.



Por Guilherme Soares Dias | De São Paulo

Uma Parceria Público-Privada (PPP) pode tornar viável o projeto de construção de quatro linhas de trens expressos regionais saindo de cidade de São Paulo. As empresas Estação da Luz Participações e BTG Pactual Gestora de Recursos mostraram-se interessadas em executar o projeto, previsto pelo governo paulista desde 2010. Individualmente, algumas das linhas, como a ligação para Campinas, está prevista desde 2006.

Ao todo, são 431 quilômetros de trilhos ligando São Paulo - Jundiaí - Campinas; São Paulo - São Roque - Sorocaba; São Paulo - São José dos Campos; São Paulo -- ABC - Santos. O investimento será feito por meio de PPP, com contrato de 35 anos, e chega a R$ 18,5 bilhões, sendo R$ 12,5 bilhões da iniciativa privada e R$ 6 bilhões suportados pelo poder público, em contrapartida.

O trem será expresso, com velocidade de 160 km/hora, e vai aproveitar trechos de linhas férreas já existentes, o que facilita as obras, já que haverá pouca necessidade de desapropriações e de novas licenças ambientais. As linhas têm como objetivo desafogar o tráfego das rodovias de acesso às cidades que serão servidas pelos trens e pretende beneficiar 63% da população do Estado, que se concentra nas regiões metropolitanas de São Paulo e nesses municípios. "Teremos um sistema unificado de transportes, com viagem rápida e confortável, que vai permitir que as pessoas morem nessas cidades e trabalhem em São Paulo", diz, o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, que preside o Conselho Gestor de PPPs do Estado.

As tarifas do transporte devem concorrer com as de ônibus. De acordo com o projeto a que o Valor teve acesso, no trecho entre São Paulo e Santos, por exemplo, a previsão é que sejam cobrados R$ 15 em uma viagem de 50 minutos. Hoje, um ônibus que sai de São Paulo para Santos custa R$ 20,54 e também faz a viagem em 50 minutos, mas ela pode demorar mais, dependendo do trânsito.

Já a viagem de ônibus entre São Paulo e São José dos Campos, que dura 1h30 e custa R$ 20,75 por ônibus, poderia ser feita por trem em 45 minutos ao preço de R$ 18.

A maior demanda de passageiros, segundo o projeto, é no ABC, onde o trem vai atender as cidades de Mauá, São Caetano e Santo André, chegando a 330 mil passageiros por dia. Já São Bernardo, que ficou fora do traçado, será atendida por outro projeto, o do monotrilho que parte da estação Tamanduateí, na Linha Verde do metrô paulistano.

De acordo com o vice-governador de São Paulo, o projeto não conflita com o trem de alta velocidade (TAV), que também vai atender cidades como Campinas e São José dos Campos. "Os dois trens se complementam. O regional levará passageiros para o trem-bala e eles poderão dividir estações, que funcionarão como hubs [centro de distribuição de passageiros]", diz. No caso de Campinas, por exemplo, o trem-bala atende apenas o Aeroporto de Viracopos, enquanto o trem regional passa pela cidade e teria estação no centro.

Na capital paulista, a estação seria na Água Branca, na zona oeste, onde estão previstas a chegada dos quatro trens regionais, do trem-bala, e das composições da Linha 6-Laranja do metrô, que vai da Brasilândia, na zona norte, até São Joaquim, na região central, e está planejada para 2018, mesma previsão de conclusão do trem-bala. "Estamos trabalhando em conjunto com a EPL [Empresa de Planejamento e Logística]", garante Afif Domingos, lembrando que tem um reunião hoje em São Paulo com o presidente da empresa, Bernardo Figueiredo, para discutir o assunto.

Em Santos, o trem regional prevê ainda integração com o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que vai ligar as cidades do litoral sul paulista. O percurso até a cidade litorânea é o mais complexo, já que precisa superar trecho de serra. "Será feito um sistema especial para reduzir a velocidade do trem nesse trecho e evitar a construção de túneis, que é mais cara", diz o vice-governador de São Paulo.

Já o trem para Jundiaí terá o maior valor (R$ 5 bilhões) pela maior necessidade de construção de túneis. O trem que vai seguir para São José dos Campos poderá ainda chegar a Taubaté e Pindamonhangaba, atendendo as cidades mais populosas do Vale do Paraíba.

Assim como o trem-bala, o vice-governador ressalta que os trens regionais preveem no entorno das estações exploração de centros comerciais, estacionamentos e terminais de ônibus, que devem contribuir para o retorno financeiro do empreendimento.

Depois de receber a proposta da Estação da Luz Participações e do BTG Pactual, o governo paulista divulgará minuta para atrair outras manifestações de interesse de empresas. A intenção é que as empresas interessadas realizem o projeto básico e o contrato para início das primeiras obras seja assinado em abril de 2014. O governo de São Paulo prevê que os primeiros trechos estejam em operação em 2016 e os últimos em 2020.

Fonte: Valor Econômico




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Comentários

  1. Planejar trens de alta velocidade -TAV antes de trem regional de passageiros é colocar a carroça na frente dos bois, e se governar é definir prioridades, entendo ser as prioridades no Brasil para o sistema ferroviário pela ordem;
    1º Trens suburbanos e metrôs domésticos;
    2º Ferroanel com rodoanel integrados com ligação Parelheiros Itanhaém, para cargas e passageiros;
    3º Trens de passageiros regionais;
    4º TAV.
    E com relação ao cenário mundial seria;
    1º Integração Nacional;
    2º Integração Sul Americana;
    3º Integração com o Hemisfério Norte.
    Trens de passageiros regionais são complementares ao futuro TAV, e não concorrentes, pois servem a cidades não contempladas, inclusive Campinas com mais de 1,2 milhões de habitantes e potencial maior do que alguns estados, e muitas capitais do Brasil, portanto comporta as duas opções.
    Pelo proposto as mesmas composições atenderiam de imediato aos trens regionais planejados nas maiores cidades brasileiras ~150 km/h utilizando alimentação elétrica existente em 3,0 kVcc, a curto prazo, já dando a diretriz do Plano Diretor quando fossem utilizadas no TAV, aí utilizando a tensão e corrente elétrica de 25 kVca, com velocidade max. de 250 km/h, uma vez que já foi determinado pela “Halcrow” velocidade média de 209km/h para o percurso Campinas Rio previsto para após o ano de 2020, se não atrasar como a maioria das obras do PAC, ou seja longo prazo, este modelo é inédito no Brasil, porém comum na Europa.
    Para esclarecer; Não se deve confundir os trens regionais de até 150 km/h com os que existiam antigamente no Brasil, que chegavam a no máximo aos 90 km/h por varias razões operacionais, e o fato de trens regionais e TAV serem de operações distintas não justifica que não tenham que se integrar, sendo que para a estação em SP o local sairá em locais paralelo a CPTM entre Mooca e Barra Funda, podendo ser criada a estação Nova Luz, no lado oposto em que se encontra a Júlio Prestes.

    No mínimo três das montadoras instaladas no Brasil além da Embraer tem tecnologia para fornecimento nesta configuração, inclusive os pendulares Acela e Pendolino que possuem uma tecnologia de compensação de suspenção que permite trafegar em curvas mais fechadas com altíssima porcentagem de nacionalização.


    Fala-se de integração ferroviária Sul Americana, e as principais economias após o Brasil são a Argentina, e Chile, e ambos, possuem a bitola de 1,67 m, (Indiana),sendo que só a Argentina possui mais de 23 mil km, o que corresponde, a ~4 vezes mais km que a correspondente brasileira, e km praticamente igual a métrica, e em consulta a técnicos argentinos e chilenos, os mesmos informaram serem infundadas as informações de que circulam no Brasil de que está sendo substituída por 1,43m, e se um dia esta integração ocorrer, ela será feita com a bitola métrica, que já são existentes em outros países, como Bolívia, Colômbia e Uruguai, além dos mencionados, tratando-se portanto de premissas equivocadas plantadas pelos defensores da bitola de 1,43 m.

    Mas, quanto ao TAV (Trem de alta velocidade), hum, este não sei não, teve um ex ministro de nome Bernardo, que no início do ano de 2011, deu a seguinte declaração à mídia; ”Trens regionais de passageiros poderão trafegar nas futuras linhas exclusivas do TAV”, assim como acontece na Europa. Ufa, até que enfim o bom senso prevaleceu! Esta era uma noticia que sempre esperava ouvir, e desde a década de 70 se fala dele e agora a previsão é para após 2020, e poucas coisas estão definidas, como estações, trajeto etc, e o modelo projetado é independente, e bitola divergente dos trens regionais existentes 1,6m e que trafega tanto como Trem regional, ou como TAV, portanto pode se afirmar que embora a intenção seja louvável, existe uma contradição do que se falou, e o que esta sendo planejado, além disto aqui, e as obras deste porte tem até data para começar, mas a sua conclusão, nem a futurologa mãe Dinah consegue prever!

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