Ferroeste e meio ambiente são entraves para nova ferrovia

06/11/2012 - Gazeta do Povo

O presidente da Empresa Brasileira de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, confirmou ontem a construção de um novo ramal entre Cascavel e Paranaguá, mas deixou claro que ainda existem dois obstáculos para a implantação da proposta: o impacto ambiental da obra e a forma de atuação da Ferroeste no trecho já existente, entre Cascavel e Guarapuava.

Ainda ontem, em reunião com o governo estadual, parlamentares e o setor produtivo, Figueiredo confirmou a adoção do projeto do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP). "Hoje [ontem] ficará marcado como o primeiro dia de trabalho para a construção da ligação entre Cascavel e Paranaguá", anunciou Figueiredo. Com essa decisão, fica descartado o projeto original do governo federal, anunciado em 15 de agosto, de construir uma nova linha ferroviária para ligar o Oeste do estado ao porto, passando por Santa Catarina (a fim de desviar da Serra do Mar), compondo um binário com a atual ferrovia, que é explorada pela América Latina Logística (ALL).

A EPL pretende iniciar o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) do trecho nos próximos quatro meses. "Não podemos perder tempo. Temos de ser agressivos para eliminar o déficit logístico que temos há décadas", explicou Figueiredo.

Serra do Mar - O presidente da estatal alerta que somente o estudo de viabilidade indicará com precisão por onde a estrada vai passar. Um dos pontos levantados é que o trajeto apresentado pelo IEP invade parte dos parques nacionais de Guaricana e Saint Hilaire-Lange, situados no trecho paranaense da Serra do Mar.

"É um local muito delicado da serra. O projeto já está bem encaminhado do ponto de vista técnico, mas o fator ambiental vai ser tão determinante quanto o econômico para a execução da obra", reforçou o secretário estadual do Meio Ambiente, Jonel Iurk.

Ferroeste - Outro ponto que ainda precisa ser solucionado é a Ferroeste. Parte do trajeto anunciado ontem está concedido à empresa estadual e o modelo precisa ser revisto para que as obras sejam iniciadas. O governo do estado pode ceder a concessão para a Valec, estatal nacional que cuida das ferrovias, ou a Ferroeste pode se tornar uma operadora da ferrovia.

"A Valec é acionista minoritária da Ferroeste e isso facilita a resolução do caso", afirmou o secretário estadual de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho. O secretário não quis, no entanto, adiantar qual formato será adotado.

Anúncio foi festejado pelo setor produtivo - O anúncio do governo federal foi bem recebido pelo setor produtivo paranaense. Nos últimos meses, lideranças das entidades representativas mobilizaram governo estadual e bancada paranaense no congresso para que a alternativa de uma nova ferrovia cruzando o estado fosse adotada pelo Programa de Investimentos em Logística (PIL).

O presidente da Orga nização das Coope rativas do Estado do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski, comemorou o anúncio e afirma que o projeto será fundamental para a redução do custo Brasil no futuro. "Pagamos cerca de 8% do valor das nossas cargas em pedágio. É muita coisa. A mudança de modal em uma nova ferrovia é fundamental", explica.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, Edson Campagnolo, salienta que a importância do projeto ficou evidente com a mobilização dos empresários e políticos do estado. "Chegamos a um consenso jamais visto. A expectativa se confirmou positivamente", afirma.

R$ 2 bilhões é o valor estimado pelo autor do anteprojeto do IEP e atual diretor de produção da Ferroeste, Mauro Fortes Carneiro, para o novo ramal entre Cascavel e Paranaguá. A nova ligação pode ser até três vezes mais rápida que a atual. Hoje as locomotivas trafegam a uma velocidade média de 27 km/h – 15 km/h na Serra do Mar. Outra vantagem no projeto do IEP é que ele não interfere no funcionamento do trecho existente. Na ideia inicial do governo federal, com um binário passando por SC, o trecho atual teria de parar, elevando o tráfego na serra em mais 250 mil caminhões por ano.

Adiado - Decisão sobre trajeto da Norte-Sul ficou para 2013, diz Figueiredo.

No mesmo dia em que anunciou o início dos estudos de uma nova ferrovia de Cascavel até Paranaguá, o presidente da Empresa Brasileira de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, afirmou que ainda não existe definição sobre o trajeto exato da rodovia Norte-Sul, que liga Panorama (SP) a Chapecó (SC).

O mais provável é que a ferrovia passe por Maringá, Campo Mourão e Cascavel, mas é possível que o estudo de viabilidade aponte que é mais apropriada uma ligação entre Panorama e Maracaju (MS) e, em seguida, aproveite a malha já anunciada pelo governo federal. "É uma ferrovia importante, mas precisamos elencar prioridades. O estudo está sendo feito e com calma vamos definir o melhor traçado", explica Figueiredo. O plano está previsto para ser concluído em outubro do ano que vem.

Quando o Programa de Investimentos em Logística (PIL) foi anunciado em agosto, especulava-se que a ferrovia poderia passar no litoral brasileiro, com a finalidade de ser uma alternativa ferroviária para transporte de passageiros e produtos de alto valor agregado. A proposta foi rechaçada.

Fonte: Gazeta do Povo - PR
Publicada em:: 06/11/2012





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