Terras indígenas travam duplicação de linha férrea

07/09/2012 - Jornal Todo Dia de Americana

Instituto não diz, no entanto, tamanho da área ou onde ela está localizada

Existência de terras indígenas. Essa foi a explicação do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) para o atraso na concessão da licença ambiental para a duplicação da malha ferroviária que corta a RMC (Região Metropolitana de Campinas). A construção do novo trilho irá liberar uma série de obras para melhora da segurança na linha férrea na região, que tem sido palco de tragédias. A instituição não informou, contudo, qual o tamanho da área onde estariam os indígenas nem onde ela estaria localizada.

A duplicação completa da malha ferroviária começa na cidade de Embu-Guaçu (cerca de 50 quilômetros de São Paulo) e segue até a cidade de Itirapina (90 quilômetros de Americana), passando por seis municípios da RMC. A obra tem valor total de R$ 535 milhões.

O Ibama já deu a licença ambiental para a duplicação no trecho entre Embu-Guaçu e Campinas. No trecho entre Campinas até Itirapina, que corta cidades da RMC, a licença está travada. A ALL (América Latina Logística), uma das concessionárias da linha férrea na região, precisa de licença ambiental para realizar a duplicação. Além de Campinas, o trecho travado abrange as cidades de Americana, Sumaré, Hortolândia, Nova Odessa e Indaiatuba.

Obras

Quando a ALL elaborou o projeto de duplicação, em 2010, foi apresentada uma série de obras aos municípios abrangidos pelo trecho, para melhora na segurança. Esses projetos sofreram alteração das prefeituras, que agora aguardam a licença para início das construções. “A concessionária esclarece que possui a licença ambiental de instalação (...) para a duplicação da linha férrea entre os municípios de Campinas e Embu-Guaçu”, disse a ALL, em nota.

Entre as melhorias para a segurança em Americana estão previstas duplicação do viaduto Amadeus Elias, a construção de muro em toda a linha férrea, a troca do antigo trilho do trem por um mais moderno e a construção de uma passarela.

O secretário de Transporte, Jesuel Pereira, comunicou que as obras da ALL para reforço na segurança devem começar junto com a da ferrovia. “A duplicação da linha férrea demora mais para ficar pronta do que as que devem ser feitas na cidade”, disse.

Em Sumaré, a prefeitura informou que, desde que a ALL definiu a duplicação dos trilhos, o Executivo está conversando com a empresa sobre as propostas em relação à segurança nos arredores da malha férrea. A prefeitura não informou quais serão as obras a serem realizadas. Procuradas, as outras prefeituras não se manifestaram sobre as obras.

Acidentes

A malha ferroviária tem sido palco de diversos acidentes na região. O mais grave deles aconteceu em setembro de 2010, em Americana, quando um ônibus foi atingido por uma locomotiva, na passagem de nível da Rua Carioba, e deixou dez mortos e 16 feridos.

ALL crê em redução de 25% no tempo de tráfego

A ALL (América Latina Logística) informou que, além de ampliar a capacidade de transporte do trecho entre Embu-Guaçu e Itirapina, a duplicação dos trilhos deve reduzir em 25% o tempo de trânsito das locomotivas e levar a quase zero o número de cruzamentos de trens. A empresa acredita que isso irá impactar na circulação de veículos.

Em evento com candidatos a prefeito na noite de ontem, o prefeito de Americana, Diego De Nadai (PSDB), afirmou que a intenção da ALL, concessionária que administra o ramal ferroviário, é aumentar a velocidade média dos trens na região para escoar mais rápido a produção. Diego disse que a velocidade média atual é de 6km/h e que a meta é aumentar para 20km/h.

A ALL comunicou que a velocidade das locomotivas na região, em trechos urbanos, é de 20km/h, e em trechos rurais de 50km/h. Esses valores não mudarão. No entanto, atualmente, os trens estão condicionados a paradas, por conta de um único trilho para os dois sentidos da linha férrea, o que diminui a média.