Estado propõe trem regional nos trilhos do TAV

08/08/2012 - Correio Popular de Campinas 

Após ter descartado ideia, governo estadual agora negocia compartilhamento com a União

O governo do Estado e a União negociam um modelo de parceria para compartilhar os trilhos do trem de alta de velocidade (TAV), que ligará Campinas a São Paulo e ao Rio de Janeiro, com o projeto do trem regional entre a cidade e a Capital paulista. A implantação simultânea dos dois projetos, que já havia sido descartada pelo Estado, será discutida entre um grupo de estudos misto, com representantes dos dois governos. O secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, se reuniu na semana passada com Bernardo Figueiredo, que vai assumir a presidência da Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade (Etav) — estatal que vai supervisionar a implantação do TAV — e ficou decidido que uma minuta será formulada para desenhar o plano.

É a primeira vez que o Estado admite o funcionamento compartilhado dos dois sistemas. Até então, a proposta do trem regional até Campinas esbarrava na implantação do TAV devido à possibilidade de competição e de desequilíbrio financeiro para uma das partes com a adoção simultânea dos projetos. Com a parceria, Campinas teria o TAV e também o trem regional.

O sistema proposto pelo Estado atenderia ao chamado público de transporte pendular, pessoas que trabalham fora da cidade de origem e voltam todos os dias para casa. Com velocidade máxima de até 160km/h, teria custos semelhantes ao do transporte rodoviário. O TAV, com velocidade quase três vezes maior e tarifas mais elevadas, teria prioridade para pessoas vindas dos aeroportos de São Paulo e Campinas, e para os passageiros de padrão de renda mais elevado.

De acordo com técnicos da secretaria estadual, como o TAV deverá operar em intervalos de pelo menos uma hora, os demais horários seriam utilizados pelo trem rápido, com operações de dez em dez minutos. A ideia seria utilizar determinados trechos do TAV para o trem regional. Embora o TAV não possa se locomover em linhas férreas convencionais, o contrário é possível.

O projeto de implantação do trem regional, afirmou Fernandes ontem em um evento em Campinas, esbarrava em problemas políticos. “Em 2010,o prefeito de Campinas (Hélio de Oliveira Santos, PDT) politizou a questão. Quem vai e volta todo dia não precisa de um trem de alta velocidade. Hoje, são cerca de 600 ônibus fretados nessa região que vão para São Paulo que poderiam passar a usar o trem regional”, disse.

De acordo com Fernandes, os trens regionais deverão funcionar por meio de Parcerias Público Privadas (PPPs). A expectativa do Estado é de que haja também um trecho até Sorocaba e outro até Santos. Durante a entrevista, ele admitiu que o governo estadual poderá ter que subvencionar o sistema para que o preço das passagens sejam competitivas com o transporte rodoviário.