Operários da Transnordestina no PI entram em greve; obra parada

16/07/2012 - 180 Graus

Há denúncias de maus tratos e de péssimas condições de trabalho nos canteiros

Em assembléia geral realizada na manhã de hoje em Paulistana os trabalhadores da ferrovia Transnordestina no Piauí decidiram entrar em greve e paralisar a obra por tempo indeterminado. Eles exigem que a empresa responsável pelo obra, a construtora Odebrech cumpra uma série de itens relacionados ao pagamento de gratificações dos operários e que ofereça condições de trabalho dignas aos cerca de 600 trabalhadores da obra no Piauí

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção de Estradas, Pavimentação e Terraplanagem em Geral do Estado do Piauí (Sintepav), Régis Freire Gomes, pelo menos 70% dos trabalhadores já aderiram a paralisação. Os outros 30% também participaram da assembléia que decidiu pela greve, mas durante a manifestação, um engenheiro representante da empresa usou da palavra e ameaçou os trabalhadores de demissão caso, eles fizessem a greve e por este motivo estes trabalhadores não seguiram a maioria, que mesmo com ameaça, mantiveram o movimento.

Conforme ainda Régis Freire, a partir de amanhã o movimento vai se intensificar porque haverá piquete na porta do canteiros de obras e também devido a adesão dos trabalhadores da obra nos estados de Pernambuco e Ceará que estão com o mesmo problema. Ao todo, são cerca de 9 mil trabalhadores que estão a espera de que a , Odebrech cumpra os acordos firmados na convenção coletiva da categoria.

Entre as queixas está a de que a empresa, está deixando de pagar a Participação em Lucros e Resultados(PLS) e o Programa de Incentivo à Produtividade(PIP). "Foram decisões tomadas em acordos coletivos de trabalho, mas que a empresa vem insistindo em não cumprir. Além disso, as horas extras não estão sendo pagas de forma devida. Se faz 100 horas extras, a empresa quer pagar apenas 50", criticou.

As reivindicações não param por aí. Há denúncias de maus tratos e de péssimas condições de trabalho nos canteiros das obras, sendo que uma das principais é a alimentação inadequada. "Todos estes itens deverão ser discutidos pela categoria", disse Régis, acrescentando que se a paralisação acontecer será por tempo indeterminado, enquanto não avançarem as conversações. "Queremos fazer tudo dentro da lei para que não seja questionado. Apesar das reclamações, a empresa não se manifestou. Não houve diálogo, mesmo com as tentativas", relata Régias.

A Ferrovia Transnordestina é uma das principais obras do Governo Federal, que deverá ligar os portos de Pernambuco e Ceará passando pelo sertão do Piauí. Essa não é a primeira vez que as obras paralisam. Uma greve foi deflagrada pela categoria em 2010 quando um operário foi acidentado e acabou falecendo na obra.