Chegada dos trilhos em Cuiabá é imprescindível

09/04/2012 - Diário de Cuiabá

A revolução cuiabana tem como pulo do gato os ramais norte e sul, que fortalecerão as vocações da Capital: comércio, serviço e indústria

Por Mariana Peres

Cuiabá precisa ser elevada à categoria de polo comercial, referência estadual e interestadual no varejo e no atacado. “O comércio é o principal trunfo. Esse segmento cuiabano deve ser referência não apenas ao Estado, mas que atraia e concentre o consumo de Rondônia, Acre e a região de influência da rodovia Cuiabá-Santarém (BR 163), que vai até o sul do Pará. Temos posição geográfica favorável para atender o Norte do Brasil”, aponta o economista, consultor e secretário-adjunto da Casa Civil do Estado, Vivaldo Lopes.

Para os líderes empresariais que atuam no varejo, Lopes explica que é preciso tornar o setor atrativo ao interior do Estado. “É fundamental que o setor esteja de portas abertas aos sábados e domingos e que haja espaços abertos 24 horas para atender às demandas de quem tem boa renda no interior e disposto a consumir”. A sugestão de comércio 24 horas seria a rua 13 de Junho, entre a esquina com a Avenida Getúlio Vargas e a Dom Bosco.

O segundo ponto da revolução cuiabana proposta pelo economista é o fortalecimento da Capital como fornecedora de serviços, focada na saúde e na educação. “Nossa vocação não está no agronegócio, na mineração ou no reflorestamento. Se insistirmos nisso, seremos atropelados por municípios que têm essas atividades no seu DNA”.

O economista frisa que saúde e educação precisam de escala e que Cuiabá leva vantagem nisso e por isso tem de priorizar essas áreas. “De qualquer forma, Rondonópolis pode adquirir esse potencial e deixar a Capital para trás. Isso ainda não aconteceu porque Cuiabá ainda tem a vantagem da rede hoteleira, aeroporto - um importante entreposto de cargas - e concentra os poderes Político e Judiciário”.

Ainda dentro do setor de serviços, a hoteleria não pode ser esquecida, como completa Lopes, por ser base do sonhado turismo de negócios, muito falado e que ainda não emplacou. “O turismo de negócios será muito beneficiado pela Copa do Mundo, que vai criar toda uma infraestrutura que ficará como legado para atração de grandes eventos”.

Lopes observa que de algum modo os primeiros passos estão dados, afinal as maiores empresas mato-grossenses - filhas do agronegócio - como Amaggi, Bom Futuro e Vanguarda Agro estão trazendo suas sedes do interior para a Capital, mas é preciso fortalecer todos esses pontos estratégicos para que cheguemos aos 300 anos fortes, como uma Capital tem de ser”.

Como efeito de tudo isso, um outro setor da prestação de serviços vai deslanchar, o de entretenimento, especialmente bares, restaurantes e casas noturnas. “O setor é complemantar para o turismo de negócios, a quem veio estudar, fazer exames e comprar na Capital. O polo comercial acaba movimentando outros setores. Isso é lógico”.

E por fim, o fomento à indústria, segmento que será extremamente favorecido com as ferrovias que trarão matérias-primas que não existem no Estado e escoarão para qualquer parte do Brasil e do mundo a produção. Movimentação essa feita com custo mais baixo, o que deixa a Capital em posição competitiva frente outras cidades brasileiras”.

Mais - O economista Ernani Lúcio Pinto, responsável pelo escritório de economia Paradigma E&P, frisa que para a Capital manter lugar privilegiado no ranking estadual precisará de políticas econômicas que tornem o “ambiente leve” no sentido de desburocratizar as ações junto aos agentes econômicos. “Isso no sentido de garantir as relações institucionais de mercado e políticas, sendo que essas duas varíaveis darão sustentabilidade para que haja baixos custos de transação junto à eficiência produtiva e administrativa”. Outros pontos comuns também são citados pelo economista como ações fortes junto à infraestrutura de logística, garantia de educação em todos os níveis, o que estimula a invenção e inovação. “Tais medidas atraem naturalmente o capital produtivo, ampliando assim a renda e a riqueza com seus reflexos óbvios sobre o PIB cuiabano”.