ALL prevê para 2012 complexo industrial-logístico de Mato Grosso

17/05/2011 - Reuters, Roberto Samora

A região de Rondonópolis, berço do agronegócio de Mato Grosso, contará a partir de outubro de 2012 com o maior complexo agroindustrial e logístico para movimentação de grãos do Brasil, com investimentos totais de 730 milhões de reais, revelou nesta terça-feira a ALL (América Latina Logística).

Esse investimento será feito majoritariamente pelas empresas que pretendem levantar unidades no local --esmagadoras de soja, misturadoras de fertilizantes e distribuidoras de combustíveis. E deverá se somar aos 760 milhões de reais que vêm sendo aplicados pela ALL, desde 2009, na construção da estrutura ferroviária que ligará o terminal de Alto Araguaia (MT) a Rondonópolis, num trecho de 260 km.

O complexo de Rondonópolis (sul de MT), que ocupará uma área equivalente a mais de 500 campos de futebol, deverá atrair fábricas das principais empresas do agronegócio, além de unidades de distribuidoras de combustíveis --a ALL não detalhou com quem já assinou acordo, mas prevê 30 empresas no local.

'Até julho queremos ter todos os contratos fechados', disse o diretor comercial da ALL, Sérgio Nahuz, a jornalistas durante a apresentação do projeto. 'Todas as empresas que são nossos clientes ou já operam na nossa estrutura (terão unidades no local). Quem não estiver na estrutura perderá competitividade, e um sinal dessa perda de competitividade é o alto interesse das empresas', acrescentou Nahuz, citando entre eventuais participantes a Bunge, Cargill, entre outras multinacionais.

Ele prevê que haverá três esmagadoras de soja no local, e que as misturadoras de fertilizantes migrarão suas operações para o complexo. 'A competitividade será imbatível.'

O novo polo logístico finalmente conectará uma importante região produtora de Mato Grosso à ferrovia que leva as cargas para exportação até o porto de Santos (SP), numa viagem que aumentará a competitividade do produto da região Centro-Oeste. Atualmente, os carregamentos do Estado escoados por ferrovia são transportados até Alto Araguaia de caminhão, numa rota mais custosa e perigosa por rodovias esburacadas.

O COMPLEXO

A construção do complexo, que terá capacidade inicial para 15 milhões de toneladas ao ano, começará em 2011. E, de acordo com a demanda, uma expansão no terminal poderá elevar o potencial de movimentação para 30 milhões de toneladas/ano.

As obras no local deverão ser concluídas quase que simultaneamente à chegada da ferrovia em Rondonópolis, no final do ano que vem, permitindo aumentar a capacidade de transporte da companhia, que hoje responde por cerca de metade da movimentação de soja, milho e farelo de soja de Mato Grosso, com um volume de aproximadamente 10 milhões de toneladas.

O Estado é o principal produtor de soja e algodão e segundo produtor de milho do Brasil. Além disso, o Mato Grosso tem conquistado nos últimos anos importância também na produção de carnes, além de ter o maior rebanho bovino do país.

'A demanda de Mato Grosso justifica o investimento que a ALL está fazendo e que os clientes estão fazendo', disse Nahuz.

A ALL, maior operadora logística da América Latina, investirá por meio da sua controlada Brado Logística cerca de 30 milhões de reais na unidade de contêineres do complexo.

Outros 60 milhões de reais, incluso no montante do projeto ferroviário, a própria ALL aplicará na estrutura dentro do terminal de Rondonópolis, com 45 km de trilhos.

O complexo logístico de Rondonópolis foi projetado para carregar dois trens de 120 vagões simultaneamente, e contará com terminais com capacidade de carregamento de 4.500 toneladas/hora de grãos, além de 1.500 t/hora de fertilizante.

Atualmente a companhia opera com desenho de trens de 80 vagões, carregados em 18 horas. Mas quando o novo modelo de 120 vagões estiver operando, em até quatro anos, a companhia poderá elevar o volume da carga em 50 por cento, reduzindo o tempo de carregamento em 70 por cento, disse o diretor da ALL, lembrando que isso terá impacto no tempo da viagem até Santos.

No novo terminal, a ALL diz que manterá a tarifa entre 10-15 por cento mais competitiva que o transporte rodoviário.