Setor ferroviário comemora recuperação e prevê cenário positivo para próximos anos

12/01/2011 - CNT

Foto:Divulgação

A recuperação do mercado internacional e o bom ritmo de crescimento registrado no Brasil nos últimos anos são os principais fatores que levam o setor ferroviário a projetar um futuro promissor não apenas para este ano, mas também para toda a década.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), a produção de vagões em 2011 deve crescer 50% na comparação com o ano passado e alcançar cinco mil unidades fabricadas. O número se aproximará da quantidade produzida em 2008 (5.118 vagões, antes da crise) e vai superar, com folga, os 1.022 feitos em 2009 e os 3.300 de 2010.

Em entrevista à CNT, o presidente da Abifer, Vicente Abate, disse que as fábricas por pouco não registraram sua melhor década (2000-2009): “o ano de 2009 foi um ano de crise no exterior e o setor ferroviário não escapou. A crise afetou bastante a área de mineração, agrícola e siderúrgica, e são produtos que impactam diretamente no setor ferroviário”.

Financiamento

Um dos responsáveis pela retomada econômica do setor foram as facilidades oferecidas pelo Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES). 

Lançado em 2009, o programa disponibilizou financiamentos de longo prazo com juros competitivos. “Isso alavancou, e muito, as vendas. Com isso, começou a haver um incentivo dos compradores para comprar. O programa terminaria em dezembro daquele ano, mas foi estendido por duas vezes e deve terminar em março, mas nós da Abifer e de outras entidades do setor já solicitamos à presidenta Dilma que prorrogue mais uma vez, até dezembro deste ano”, explicou Vicente Abate.

Expansão

As empresas voltaram a contratar mão de obra no ano passado e, aos poucos, o setor recupera o que foi perdido devido à crise internacional. Se em 2008 havia 13 mil pessoas trabalhando na indústria ferroviária, em 2009 esse número caiu para dez mil. Entretanto, no fim de 2010, quase três mil profissionais conseguiram colocação no mercado.

A expansão da malha ferroviária, projeto que foi retomado pelo governo anterior e promessa de campanha da presidenta Dilma, também movimenta a indústria. A previsão do governo é de que, até 2020, o país tenha 41 mil quilômetros de linhas, ante os atuais 30 mil quilômetros, segundo estimativa da Abifer, que acompanha de perto as obras da linha Norte-Sul e Oeste-Leste.

A produção de carros de passageiros também está em alta. “Além da renovação de frota e compra adicional, muitos estão sendo reformados e modernizados. O Trem de Alta Velocidade (TAV) também vai ampliar esse mercado”, acrescentou Abate. A previsão dele é que quatro mil unidades sejam fabricadas nesta década. Em 2010, a indústria produziu 420 unidades, leve baixa em relação a 2009, quando foram 440. A projeção para 2011 é que esse número chegue a 450 carros.

As três fábricas de locomotivas em atuação no país comemoram os bons resultados do setor. Se em 2009 um total de 22 unidades foram produzidas, em 2010 o número passou para 65 e, em 2011, a expectativa é que a produção não seja menor que 100 locomotivas. “Estamos confiantes. Como o mercado interno está forte, temos crescido para acompanhar a demanda”, completou o presidente da Abifer, Vicente Abate.

Aerton Guimarães
Redação CNT