TCU libera licitação de Trem de Alta Velocidade entre RJ e SP


30/6/2010



Foto:Agência Câmara

Bernardo Figueiredo e Hélio Mauro França
O Tribunal de Contas da União aprovou, em votação unânime, na tarde desta quarta-feira (30), a licitação do Trem de Alta Velocidade (TAV) entre as cidades de Campinas – São Paulo – Rio de Janeiro. A informação foi repassada pelo diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, durante audiência pública realizada na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados sobre o assunto.

O projeto de TAV brasileiro, também chamado de trem-bala, está orçado em R$ 34 bilhões, dos quais o governo financiará R$ 20 bilhões. A proposta prevê a construção de nove estações ao longo de 510 km. Desses, 90 km serão construídos em túneis e 110 km em pontes. O trecho entre Rio e São Paulo deverá ser realizado em 93 minutos e entre São Paulo e Campinas, em 30.

Segundo o diretor, com a aprovação do tribunal o edital que selecionará a empresa operadora do novo trem deve ser publicado ainda na próxima semana. “A aprovação do TCU significa que foram aprovados os estudos básicos que orientam a licitação e, com isso, a ANTT, com as ressalvas que foram feitas pela área técnica, está autorizada a publicar o edital”.

Bernardo Figueiredo informou, ainda, que o leilão que definirá a empresa operadora do TAV deve ser realizado em novembro de 2010 e terá como parâmetro o menor preço para passagens na classe econômica, fixado em, aproximadamente, R$ 200. A expectativa é que o novo projeto comece a funcionar em 2015.

Propostas

Durante a audiência, representantes das empresas Siemens Mobility, Alstom Brasil e Trends Engenharia apresentaram suas visões da implementação do TAV no Brasil, ressaltando as vantagens de cada proposta.

De acordo com o gerente de vendas de novos negócios da Siemens Mobility, Rezier Possidente, uma das grandes vantagens do modelo alemão é a tração distribuída, o que proporciona mais lugares, menor impacto na via permanente e ruído menor.

Já o diretor de desenvolvimento de negócios da Alstom Brasil, Laurent Lumbroso, coloca como ponto de destaque da empresa francesa a velocidade, uma vez que é líder no domínio de trens de alta velocidade (acima de 200 km/h) e de muito alta velocidade (300 km/h).
O coordenador da Trends Engenharia, Paulo Benites, por sua vez, argumentou que a representante coreana conta com o maior conhecimento do assunto, uma vez que iniciou seus estudos com mais antecedência, e também o fato de a empresa ter realizado um consórcio com outras especialistas do ramo para atender as expectativas do governo brasileiro.

Mais qualidade

O superintendente executivo da ANTT, Hélio Mauro França, explica que a demanda de deslocamento do trecho Campinas – São Paulo – Rio de Janeiro fica bastante evidente ao se analisar a quantidade de pessoas que fazem o trajeto via avião, a chamada Ponte Aérea, e que transitam pela Via Presidente Dutra.

“As alternativas estão sobrecarregadas, o que prejudica a qualidade do transporte”, observou França, ressaltando que uma das principais vantagens do projeto é ligar os aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Galeão, desafogando a malha aérea.

Segundo ele, 33 milhões de passageiros se deslocam nesse trecho por ano em outros modais, majoritariamente por razões de trabalho. Desses, 17 milhões fariam opção pelo TAV.


Érica Abe
Redação CNT