Fundos de pensão entrarão no trem-bala



20/07/2010 Transporte Idéia
Enquanto órgãos de fomento nacionais e internacionais já firmam parcerias para investir no projeto do Trem de Alta Velocidade (TAV) entre Campinas, Rio de Janeiro e São Paulo, alguns dos principais fundos de pensão do país se movimentam para ingressar na concorrência para participar do empreendimento. De acordo com o jornal “O Globo”, representantes de Funcef (Caixa Econômica Federal), Petros (Petrobras) e Previ (Banco do Brasil) vêm se reunindo com o governo e comunicaram que articulam a formação de um fundo de investimento para se associar ao vencedor após o leilão.
A participação destes grupos em investimentos de longo prazo no país tem sido comum nos últimos anos. Este ano, a Funcef comprou 5% de participação no consórcio Energia Sustentável do Brasil (ESDB), que constrói a hidrelétrica de Jirau, em Rondônia. Os fundos de pensão participam, direta e indiretamente, com 27,5% no projeto de Belo Monte, no Pará.
Essas entidades visam a entrar com participação na sociedade de propósito específico (SPE) que vai construir e operar a ferrovia, cujo orçamento é de R$ 33,1 bilhões. Depois do leilão, a Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade (ETAV) vai se incorporar ao grupo, com 33% do capital.
Enquanto isso, o governo acompanha e estimula as conversas nos bastidores entre investidores nacionais e estrangeiros. O objetivo é monitorar o movimento dos interessados, mas a estratégia real é evitar que não haja concorrência suficiente no leilão. O governo adotou política semelhante nos últimos leilões de hidrelétricas. “Estimulamos a maior participação possível e a concorrência, mas não estamos forjando grandes grupos. Não acreditamos que o leilão ficará vazio (sem interessados)”, diz uma fonte do governo.
Representantes de sete países estão interessados no TAV - China, Japão, Coreia do Sul, França, Alemanha, Itália e Canadá. Apenas os chineses não manifestaram interesse em ter um sócio nacional na empreitada. Os interessados têm conversado com o Ministério dos Transportes e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). De acordo com a fonte, apenas os coreanos sinalizaram que participarão mesmo da licitação. Para isso, contam com o apoio de dez empresas locais, como Hyundai e Samsung. “Já temos a garantia de que um consórcio irá entrar no leilão, e outros grupos estão sendo formados”, diz a fonte.
Para o governo, a fórmula da SPE do trem-bala será associar a tecnologia internacional - inexistente no país - com empreiteiras brasileiras. A Andrade Gutierrez tem conversado com a japonesa Mitsui e a francesa Alstom. A Siemens, alemã, poderia se associar com espanhóis da Renfe e CAF. A Alstom poderia se unir com os espanhóis. A leitura do governo é que cada empreiteira deverá se associar com um estrangeiro separado.