EFVM transporta 1 milhão de passageiros por ano


05/06/2010 - O Globo
A doméstica Marinilda de Jesus Rosa, de 31 anos, pega pelo menos duas vezes por mês o trem de passageiros da Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM) na cidade de Baixo Guandu, no Espírito Santo, onde mora sua família, até Belo Horizonte, onde trabalha. Vai geralmente passar o fim de semana em Minas Gerais. Na segunda-feira da semana passada, ela e a sobrinha Keila de Jesus Cândido, de 19 anos, faziam o trajeto BH-Baixo Guandu e conversavam no vagão-restaurante do trem.
O depoimento da doméstica ilustra com perfeição a realidade da EFVM, a maior e mais densa estrada de ferro de passageiros do Brasil, com 664 quilômetros. O trem é o transporte mais barato para os habitantes da região, relata Gilberto Scofield Jr. A viagem de 13 horas também é mais segura: a BR-381, que liga a capital capixaba a BH, registra 500 mortes por ano.
A EFVM e a Estrada de Ferro Carajás (EFC), as duas administradas pela Vale, são hoje as duas únicas ferrovias que fazem transporte regular de passageiros no país. A EFVM, nas mãos da Vale desde a década de 40, transportou 980 mil pessoas em 2009, o que, segundo Regivan Silva, gerente de Suporte Regional e Trem de Passageiros da Vale, significa um movimento diário de cerca de 2.500 pessoas, nas baixas temporadas, e cerca de seis mil, nas altas.
O movimento já foi maior. Em 2006, por exemplo, o trem transportou 1,14 milhão de pessoas. A Vale não tem um estudo preciso sobre esta redução de passageiros (na EFC, o transporte continua crescendo), mas Regivam tem uma pista:
- Pelo que eu converso com os passageiros e venho observando no setor de ferrovias, a emergência econômica das classes mais baixas fez aumentar a compra de carros populares. E mesmo com a BR-381 (BH-Vitória) sendo uma das rodovias mais perigosas e em mau estado do país, as pessoas arriscam dirigir em seus carros novos - diz ele.
O que não diminui a importância da Ferrovia Vitória-Minas que, aos 106 anos, é a mais antiga ferrovia de passageiro em operação.