SP quer trens para Santos e Sorocaba



Governo promete recriar até 2014 linhas de passageiros em antigos ramais ferroviários; plano é transportar 50 mil pessoas por dia

20 de maio de 2010 | 0h 00
Eduardo Reina - O Estado de S.Paulo
Duas antigas linhas de trens de passageiros devem voltar a funcionar no Estado de São Paulo. Os estudos sobre os ramais para a Baixada Santista e Sorocaba, a serem operados pela Companhia Paulista dos Trens Metropolitanos (CPTM), foram concluídos no último dia 28. Ainda não se sabe se usarão os trilhos já existentes das antigas linhas Sorocabana e Santos-Jundiaí ou se trafegarão por faixas paralelas ao atual traçado.
"Essas análises mostram a viabilidade da implementação dessas ligações ferroviárias com a capital", afirma João Paulo de Jesus Lopes, secretário-adjunto de Transportes Metropolitanos, que comanda o grupo de estudos dos dois projetos.
A estimativa do governo do Estado é que as duas linhas entrem em operação até 2014, antes do início da Copa do Mundo no Brasil. São esperados de 30 mil a 50 mil passageiros por dia nas novas ramificações. E que elas possam competir com as linhas rodoviárias em rapidez, eficiência e conforto.
Rapidez. O projeto prevê viagens de curta duração, que durem entre 35 e 50 minutos. "Mais que isso fica inviável, pois a viagem de ônibus entre Sorocaba e a capital, por exemplo, dura entre 1h20 e 1h25. O trem deve oferecer transporte rápido, seguro e com conforto", diz Lopes.
Os trens vão funcionar com velocidade maior que as composições metropolitanas da CPTM, entre 120 km/h e 150 km/h, com intervalos de partida entre 10 e 15 minutos todos os dias da semana. Atualmente, a passagem de ônibus entre São Paulo e Sorocaba custa R$ 21; entre a capital e Santos, não sai por menos de R$ 16. A tarifa dos futuros trens, no entanto, ainda não foi calculada.
Investimento. O custo de cada linha é estimado entre R$ 3,5 bilhões e R$ 4 bilhões. Esses valores podem variar de acordo com o traçado a ser escolhido, necessidade de construção de túneis, pontes e outras obras estruturais. A tecnologia de construção usada será nacional.
A proposta é ter linhas diretas para Sorocaba e Baixada Santista saindo de São Paulo. O trem para a Baixada Santista terá como ponto de partida a Estação Tamanduateí da Linha 10-Turquesa da CPTM, com percurso total entre 60 e 80 quilômetros.
"Nessa linha é preciso transpor a Serra do Mar. Uma alternativa estudada é fazer faixa alternativa ao sistema funicular em Paranapiacaba. O ponto inicial é a Estação Tamanduateí da CPTM, onde haverá conexão com o Metrô e o ramal que vem do ABC paulista e também da Estação da Luz da CPTM", explica o secretário-adjunto de Transportes Metropolitanos. O ponto final seria a Estação Samaritá, em São Vicente.
O ramal sorocabano terá extensão entre 70 e 90 quilômetros e poderá começar nas estações da CPTM na Lapa, na Barra Funda ou em Pinheiros. Ou ainda em Carapicuíba, Barueri ou Osasco. A administração estadual não trabalha com a possibilidade de compartilhar as linhas já existentes de transporte de cargas. Esses ramais são das empresas ALL e MRV, uma concessão do governo federal.
Turismo. O projeto piloto da linha para Sorocaba será a criação de um trem turístico, que deverá sair da Estação da Luz, ir até Barueri ou Amador Bueno. Aí, os passageiros farão um transbordo, porque há mudança de bitola - o espaçamento dos trilhos - e não é possível continuar no mesmo trem. Depois, haverá paradas em São Roque e Sorocaba.
Segundo o coordenador de Planejamento e Gestão da Secretaria dos Transportes Metropolitanos Silvestre Eduardo Ribeiro, a previsão é que o trem turístico para Sorocaba entre em operação até o fim deste ano.

Ramais foram importantes no passado
1867 
Estrada de Ferro Santos-Jundiaí
é inaugurada em 16 de fevereiro
1870
É criada a Companhia
Estrada de Ferro Sorocabana
1957
Santos-Jundiaí se torna parte
da Rede Ferroviária Federal
1996
Trens de passageiros na
Santos-Jundiaí são extintos
2006
ALL assume a Sorocabana
para transportar cargas