19/07/2023 - Metrô CPTM
Por Jean Carlos
Projeto está sendo revisado pelo governo e ainda se discute se a construção de um túnel entre Mauá e Cubatão será a melhor opção para vencer a Serra do Mar
TIC para Santos deve ser o ultimo a ser construído (Erich Westendarp)
O Trem Intercidades (TIC) entre São Paulo e Santos é aquele que apresenta a maior complexidade técnica. Apesar de o trecho no planalto ser particularmente muito favorável, a transposição da Serra do Mar é um obstáculo hercúleo.
O governo do estado está estudando formas de viabilizar no médio e longo prazo a construção de uma rede de trens de média velocidade ligando as regiões metropolitanas da chamada macrometrópole paulista.
Por meio de informações a que o site teve acesso e de relatórios oriundos do Plano Integrado de Transportes Urbanos (PITU 2040) é possível delinear perspectivas para o último traçado desta primeira etapa de TICs.
Projeto atual
O atual projeto de trens entre São Paulo e Santos é composto por 76 km de vias e seis estações, sendo elas: Brás, Tamanduateí, Santo André, Mauá, Cubatão e Santos.
O principal fator que justifica a implantação de um TIC neste trecho é a saturação do sistema Anchieta-Imigrantes, que possui tráfego compartilhado entre viagens domésticas e de carga.
A promoção de conexão, fazendo com que o TIC possa partir da estação Brás, pode viabilizar uma maior atração de demanda. Outrora estudos chegaram a ser desenvolvidos prevendo que o serviço pudesse partir de uma nova estação denominada Parque da Mooca.
A concepção de traçado e características operacionais foi realizada através de uma equipe de engenharia que projeta as características do sistema via com seu traçado geométrico, pátios de cruzamento e áreas de manobra, sendo esses dados simulados em software para verificação de seus parâmetros.
Esta primeira etapa visava uma otimização dos projetos de engenharia, fazendo-os ter maior viabilidade na operação dos trens. A segunda etapa do projeto foi a definição da grade horária de serviços e adoção de infraestrutura adicional.
Os estudos indicam, assim como em todos os projetos de TIC, que o compartilhamento de vias entre os serviços de passageiros regulares (CPTM) e os trens de carga são completamente inviáveis. Será necessário uma via dedicada para os trens regionais.
O tempo de viagem estimado será de 70 minutos no serviço regular. O intervalo mínimo será de 15 minutos, de onde partirão trens elétricos de dois andares com capacidade para 1.200 passageiros cada. A velocidade máxima destes trens seria de 160 km/h.
A demanda diária estimada para os serviços é de 56 mil passageiros no período inicial e de 160 mil passageiros caso opere em rede com os demais serviços implantados.
O valor de tarifa estimado entre Brás e Santos é de R$ 24 em valores de 2021 com uma tarifa de aproximadamente R$ 0,34 por quilômetro percorrido.O valor para a implantação do projeto é de R$ 7,97 bilhões para obras e de R$ 2,92 bilhões para a compra dos trens. O valor total de investimento é de R$ 10,8 bilhões.
Preocupações do governo
O projeto entre São Paulo e Santos possui duas alternativas possíveis. Uma delas, considerada a mais viável, é a construção de um túnel ferroviário entre Mauá e Cubatão.
Sob o aspecto operacional a alternativa seria basicamente uma linha reta com rampa gradual o que poderia, na descida, gerar uma economia grande de energia elétrica. Tal energia poderia ser reaproveitada para os trens na subida.
Porém, a alternativa de um túnel com esta magnitude é muito cara, o que requer bastante cuidado ao se optar por ela. Outra possibilidade é fazer uma novo sistema cremalheira, semelhante ao da MRS, sob penalidade de aumento no tempo de viagem.
A presença da densa vegetação na região da Serra do Mar iria requerer maior rigor por parte dos estudos ambientais em todos os aspectos. Órgãos de financiamento poderiam aumentar suas exigências para minimizar os impactos do projeto, encarecendo seu custo.
Sob os aspectos operacionais discute-se a possibilidade de novas vias no trecho entre Mauá e Rio Grande da Serra. A estação Tamanduateí poderia ser cotada como parada inicial do trem até Santos, tendo em vista a saturação de trechos, sobretudo de trens metropolitanos, na estação Brás.
Portanto, este último eixo de TIC possui a maior complexidade. Seja pelo aspecto técnico-econômico ao tentar se promover uma solução viável para vencer a serra do mar, tanto pelo aspecto sócio-ambiental ao viabilizar o desenvolvimento das regiões metropolitanas sem abrir mão da preservação do bioma existente na Serra do Mar.
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