Abandonada, ferrovia de ex-mineradora de Eike Batista no Amapá vira depósito de lixo

07/06/2017 - G1 AP, Macapá

Trecho na Rodovia Duca Serra, em Santana, está tomado por mato e lixo. Setrap diz que licitação para contratar empresa para administrar rodovia deve ocorrer no segundo semestre.

Por Jéssica Alves


Ferrovia está tomada por mato e lixo (Foto: Reprodução/Rede Amazônica no AP)

Abandonada desde 2014, quando a Zamin Ferrous, ex-mineradora do ex-bilionário Eike Batista, parou de exportar minério, a Estrada de Ferro do Amapá (EFA) está tomada por mato e se transformou num depósito de lixo, no trecho da Rodovia Duca Serra, entre as cidades de Macapá e Santana, distantes 17 quilômetros.

A Secretaria de Estado de Transportes (Setrap) informou que autorizou licitação para contratar empresa que vai administrar a rodovia. A previsão é de que isso ocorra no segundo semestre de 2017.

A estrada já representou um importante momento na economia amapaense, quando servia de transporte para minério e funcionários da empresa, que saiam da cidade de Santana até Serra do Navio. Desde a queda do porto de embarque, em 2013, a ferrovia está se deteriorando.

Acumulam-se entulhos de obras, restos de carcaça de animais, eletrodomésticos e lixo comum (Foto: Reprodução/Rede Amazônica no Amapá)

Na ferrovia acumulam-se entulhos de obras, restos de carcaça de animais, eletrodomésticos e lixo comum. Em alguns locais, moradores, por conta própria, limpam a frente da casa, como a dona de casa Maria do Socorro, que reclama da sujeira. “Aqui é muito sujo, diversos insetos entram em nossas casas e a situação é horrível”, lamentou.

A mineradora perdeu a concessão em julho de 2015 após um decreto do governo que aplicou a caducidade do contrato. O caso foi parar na Justiça, que manteve a extinção da concessão à empresa devido o abandono do patrimônio público.

Desde a desativação em 2014, ferrovia está se deteriorando (Foto: Repdroução/Rede Amazônica no AP)

Ferrovia

A EFA foi inaugurada em 1957 e tem um total de 194 quilômetros iniciando no município de Serra do Navio e cruzando as cidades e comunidades rurais de Pedra Branca do Amapari, Porto Grande, Macapá, até o destino final em Santana. A ferrovia foi construída para transporte e exportação da produção mineral, principalmente ferro e manganês.

Fim da estocagem

A empresa Zamin anunciou em 2014 o término da capacidade de estocagem de minério de ferro, tanto em Pedra Branca do Amapari, quanto em Santana, o que resultou na paralisação parcial das atividades.

A ocupação dos locais se deu pela lentidão na exportação do minério, partindo do Amapá, por causa do desabamento do porto de Santana, em 2013, que matou quatro pessoas e deixou duas desaparecidas. A estrutura ainda não foi reconstruída.

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