Projeto nota 10

23/10/2012 - Revista Ferroviária

Paulo Passos, Bernardo Figueiredo e Marcos Lutz conversam na inauguração do terminal de Itirapina (SP)
Ainda falta construir a cobertura dos navios em Santos, para embarcar açúcar em dias de chuva, e duplicar 180 km de linhas no planalto paulista. Mas com a inauguração, nesta segunda-feira (22/10), do terminal concentrador de Itirapina, entre Rio Claro e Araraquara, o projeto da Rumo Logística está quase concluído. Em 2013, perto de 9 milhões de toneladas de açúcar de 100 usinas paulistas chegarão a Santos de trem, o que ainda pode crescer, dependendo da safra. Em 2014, o projeto deve estar completado, com o transporte de 11 milhões de toneladas por ferrovia.

Em Itirapina, ficou claro que a empresa está olhando mais além. "Podemos sim replicar este modelo com outras cargas", disse Marcos Lutz, diretor presidente da Cosan, a cooperativa de usinas que controla a Rumo. Hoje, as 50 locomotivas e os 729 vagões, sendo 229 a caminho, já transportam soja e milho na entressafra da cana. "Podemos inclusive ser operadores ferroviários no futuro", diz ele. No grupo, presidido por Rubens Olmeto, e que compreende a Raizen, a Cosan Lubrificantes e a Radar Propriedades Agrícolas, já se fala em Cosan Infraestrutura.

Exemplo

Presente na inauguração, Bernardo Figueiredo, presidente da recém criada EPL, usou o caso bem sucedido da Rumo para dar um recado aos empresários:

"A Rumo pode servir de exemplo para outras empresas que, como a Cosan, não se conformam com a insuficiência em logística e partem para soluções próprias, ou se associam com as operadoras ferroviárias existentes". No caso, a associação foi com a ALL, que opera o projeto, sob o controle atento de Julio Fontana, presidente da Rumo.

Na entrevista coletiva que antecedeu na inauguração, Julio e Marcos disseram que a negociação para a compra da maioria das ações do grupo de controle da ALL está avançando e pode estar concluída até o final deste ano: "os sócios estão conversando – disse Marcos – e nós mantemos a proposta feita no início do ano".

Com a maturação do projeto, em 2014, perto de 80 % do açúcar de exportação chegará a Santos de trem, reproduzindo e indo além do que aconteceu com a soja na década passada, da qual 60 % chega hoje a Santos de trem. Com a transferência do açúcar, já no ano que vem, 1 mil viagens de ida e volta de caminhões pesados deixarão de ser feita nas estradas paulistas. Além do ganho ambiental, as usinas já estão se beneficiando de uma redução considerável do frete, que, conforme a distância, vai de 15 a 30 % no valor, segundo Julio Fontana.

Também presente da inauguração, o ministro dos Transportes, Paulo Sergio Passos, chamou a atenção para o abandono da malha e para a expectativa que os clientes e futuros operadores independentes venham a reparar isso:

"Temos 29 mil km de linhas, dos quais pouco mais de 10 mil km são utilizados intensamente. Nós podemos mudar isso. Já estamos trabalhando para tirar do papel o Plano de Investimento em Logística anunciado pela presidenta Dilma. Nosso Bernardo Figueiredo está arrancando os cabelos – apesar dos galos – para por o programa de pé."

Também presente na inauguração do terminal de Itirapina o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin; o diretor geral da ANTT, Ivo Borges, e o secretário de Desenvolvimento da Fazenda, David Siegelman.




Notícias Relacionadas
Rumo inaugura terminal no interior de São Paulo
Cumbica: trem ficará longe de terminais
Artigo: Ferrovias: qual é o rumo para o setor no Brasil?


Comentários
23/10/2012 - Comentário de José Balan Filho -

Uma notícia como essa é um alento, um sinal de que definitivamente, e sem trocadilho, as coisas começam a andar nos trilhos.
O atual "status quo" não é mais suportável, e somente os trens, inclusive de passageiros, poderão dar um novo dinamismo ao setor e desfazer esse nó que existe no nosso sistema de transporte.



Enviado via iPhone